Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – A vida de uma cuidadora familiar é um estado de tensão e alerta constante. E o dia parece sempre mais curto do que as 24 horas que marcam o relógio.
Dormir com uma orelha em pé. Acordar de madrugada. Comer correndo ou depois da comida ter esfriado. Deixar para arrumar a casa mais tarde. Tomar banho só depois de tudo terminado. Ou cair na cama sem banho, exausta. Essas são rotinas extenuantes que constituem o dia a dia invisível de uma cuidadora familiar.
Quem nunca chorou escondida no banheiro ou no quarto, secando as lágrimas rapidamente para que o resto da família não descubra o seu desespero ? Ou de frustração pela perda diária, a conta gotas, da pessoa querida?
Tempo para autocuidado? A primeira vista, parece impossível. Na maioria dos casos, encontrar tempo para si é algo que fica em segundo, terceiro ou quarto plano na rotina das cuidadoras familiares. Em primeiro lugar, está o familiar enfermo, os filhos e filhas, o companheiro ou companheira, e até netos e netas.
Enquanto isso, a sobrecarga física e emocional diária vai minando a fortaleza em que se transformam as cuidadoras para dar conta de cuidar o familiar com demência e as demais responsabilidades a sua volta.
Não é por acaso que aumentam os casos de hipertensão, pré diabetes, problemas de tiroide, colesterol alto, depressão e sobrepeso entre as cuidadoras. Sem falar nas consequências a longo prazo que, por falta de autocuidado, podem se tornar irreversíveis.
Levando em conta a falta de apoio a quem cuida, criamos o Coletivo Filhas da Mãe há dois anos e meio. Nesse período trabalhamos nas brechas. Isto é, buscamos promover espaços e ações de autocuidado que contribuam para a saúde física e emocional das cuidadoras familiares. Nem sempre é fácil. Mas seguimos tentando.
Apesar dos convites e da gratuidade, muitas cuidadoras não tem com quem deixar a pessoa enferma. E, mesmo que tenha ajuda de outro familiar ou de uma pessoa contratada, ainda há o risco de contagio por Covid-19 por parte da pessoa que vai substituir por algumas horas.
Há aquelas que não se dão o direito de sair ou pedir ajuda. Sentem culpa. Como se divertir, mesmo que por pouco tempo, quando a pessoa enferma ficou em casa? E assim, caem em armadilhas autoimpostas sem se dar conta.
Mas existem outras cuidadoras que conseguem romper o casulo e buscam o autocuidado. E nesses momentos, é gratificante acompanhar os resultados. A leveza, a emoção, o afeto e o carinho, individual e coletivo.
Momento de massagear e ser massageada
Foi o que ocorreu na terça-feira, dia 27, em Brasília, durante a realização do Projeto Conect@r Mulheres voltado para mulheres cuidadoras, uma parceria com o Instituto Tocar, que há 21 anos estimula o cuidado e o autocuidado no Distrito Federal. Houve momentos de fala, escuta, troca de memórias, massagem e muito afeto entre as cuidadoras familiares.
Momento de escutar coisas boas
Consideramos o autocuidado, individual ou coletivo, essencial para manter a saúde física e emocional.
E você, que espaço encontra para o autocuidado?
#juntassomosmaisfortes
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