Aprender a Mudar

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Ana Castro & Cosette Castro

Brasília – Em fevereiro publicamos um texto sobre mudança de casa, cujo significado vai muito além da troca de residência.

Hoje o tema é a mudança e adaptação de casas e apartamentos para receber  familiares com demências. Neste caso, as mudanças são mais profundas, pois exigem adaptação dos dois lados.

Muda quem recebe.
A família precisa se informar sobre as necessidades do paciente com demência e também modificar o entorno doméstico.

Muda quem muda, como é o caso da pessoa enferma  que é levada para casa de seus familiares. Este foi o caso da Carmencita, que foi morar em Brasília  com a Cosette Castro quando já não conseguia mais estar sozinha  em sua casa, em Porto Alegre, apesar do acompanhamento de cuidadoras e fisioterapeuta.

Muda quem transforma toda sua vida para cuidar de um familiar enfermo.

Este foi o caso da Ana Castro, que saiu de São Paulo para Brasília para cuidar da mãe, Normita.

Há quem leve a mãe para viver em outro país, como foi o caso de uma amiga que mora em Portugal. Ou de outra amiga, também vivendo no exterior, que faz cuidados à distância, com contribuição de cuidadoras profissionais no Brasil.

E muda a rotina  das pessoas que têm seu lar adaptado para atender às necessidades de um ser querido doente.

Em todos os casos, são necessárias transformações físicas e emocionais  que possibilitem o bem-estar e segurança do paciente.

Temos uma amiga que recriou o quarto do pai  trazendo os móveis dele do interior de São Paulo e pintando das mesmas cores do quarto original. Mas nem todas as famílias têm orçamento para isso.

É um desafio (e também um alto custo) adaptar as casas para proteger as pessoas queridas.

Passamos a conhecer  mais sobre pisos, sobre produtos antiderrapantes. Retiramos tapetes e qualquer coisa que possa machucar nosso familiar. Enchemos a residência de produtos que protejam de batidas nos braços e pernas. Retiramos móveis para ampliar as passagens livres.

Saem sofás modernos. Entram cadeiras de balanço e cadeiras reclináveis.  Saem quadros e a casa é preenchida com verdes e flores. Cantinhos, dentro e fora da casa, são criados  ou recriados com espaço para fotografias e lembranças.

Quando chega a cadeira de rodas, é preciso, em alguns casos, ampliar a largura das portas. E fazer pequenas reformas de maneira a não atrapalhar a rotina da pessoa enferma.

A adaptação de banheiros é essencial para segurança das pessoas idosas, particularmente aquelas com demências. As barras de segurança se espalham por banheiros e quartos.

Para quem tem condições econômicas, a arquitetura inclusiva ajuda muito a desenvolver e adaptar  espaços.

As pessoas que recebem familiares com demência, independente da idade, precisam também conhecer os estágios e características das doenças.

Conhecimento leva à compreensão e evita mágoas. Com informação, cuidadoras podem deixar de levar para o lado pessoal  quadros que se repetem na maioria das pessoas enfermas. Nos referimos as síndromes psicóticas, emocionais e comportamentais que se manifestam já na primeira fase da demência.

Os delírios mais comuns em pacientes demenciados são as crises de perseguição, acusações de infidelidade, de abandono e de roubo. Assuntos que não se esgotam em um texto. Voltaremos ao tema.

Para quem vive a situação da mudança de casa ou adaptação do imóvel e precisa de soluções rápidas, compartilhar ideias nos grupos de apoio costuma ser uma ótima saída. Aprendemos com erros e acertos de quem vive a mesma situação.

PS: Ana Castro é uma ótima consultora para os temas de adaptação da casa.

Cosette Castro

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