ANA MARIA CAMPOS
Preso na Operação Patmo, o advogado brasiliense Willer Tomaz já vinha sendo investigado pela participação em outro episódio nebuloso. A Procuradoria-geral da República apura por que o advogado apresentou uma denúncia considerada falsa contra o hoje desembargador Diaulas Ribeiro, do Tribunal de Justiça do DF. Em 2013, ele enviou uma representação à Corregedoria do Ministério Público do DF em que apontou que Diaulas, então promotor titular da Pro-Vida, teria cobrado propina para não denunciar o médico Haeckel Cabral Moraes. O cirurgião realizou a lipoescultura, em 2010, da jornalista Lanusse Martins Barbosa (foto), morta na mesa de operação. A acusação foi investigada e submetida ao crivo do Conselho Superior do Ministério Público do DF. Depois de arquivada, acabou envolvendo um outro procurador de Justiça do DF, Eduardo Albuquerque, apontado como adversário de Diaulas.
“Passeio despretensioso”
Na investigação da Corregedoria do MPDFT, o médico Haeckel Cabral Moraes negou ter recebido proposta do então promotor de Justiça Diaulas Ribeiro de um pagamento em troca de não denunciá-lo. Disse que tinha ódio de Diaulas, mas não poderia contar uma mentira. No depoimento, ele afirmou que um dia o procurador Eduardo Albuquerque o pegou para um passeio “despretensioso” e o levou para uma casa no Lago Sul, onde funciona o escritório de Willer Tomaz. Lá Albuquerque teria pedido que o cirurgião plástico contasse a história sobre um acordo, discutido em juízo, em que Diaulas cobrou uma indenização de R$ 300 mil para a família de Lanusse.
IP na Argentina
O advogado Willer Tomaz protocolou a representação contra Diaulas Ribeiro com base em um e-mail que teria recibo com a denúncia da suposta extorsão ao médico Haeckel Cabral Moraes. A quebra do sigilo do e-mail, autorizada pela Justiça, apontou um IP de um computador da Argentina. Willer já era membro da OAB-DF.
Um “Flávio” na investigação
Há suspeitas de que a trama envolveu o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), inimigo de Diaulas Ribeiro desde que o então promotor de Justiça arquivou a acusação contra a médica que atuou no atendimento do filho dele. Marcelo Dino morreu em 2012, decorrente de uma crise de asma. O pai sempre acreditou que houve erro médico. Em depoimento, Haeckel Cabral Moraes apontou que havia uma pessoa identificada como Flávio na reunião no escritório de Willer Tomaz. Mas disse não saber de quem se tratava. A Procuradoria-geral da República apura quem seria o “Flávio” citado.
Silêncio
Depois de ser absolvido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e pela Corregedoria do Ministério Público do DF, o desembargador Diaulas Ribeiro decidiu não falar mais sobre o episódio. Ele se recusa a comentar o caso.
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