Por Ana Maria Campos — À QUEIMA-ROUPA — Marcelo Vitorino, professor e consultor de marketing político
Por que temas controversos como aborto, saidinha, criminalização do porte de maconha estão na pauta política em ano eleitoral?
Acredito que esses temas estão em pauta porque as eleições municipais não são tão impactadas por questões ideológicas, então, o parlamento se sente mais à vontade para arriscar. Também contam os fins de mandato dos presidentes das casas legislativas.
Com a opinião pública tão divida sobre esses temas, como avalia a exposição de candidatos que decidirem se manifestar?
Quem opta por se manifestar pretende polarizar a eleição municipal na base ideológica, o que é um erro porque buraco na rua não é de direita ou de esquerda, e o eleitor municipal é pragmático.
No caso do projeto que equipara o aborto em gestação acima de 22 semanas a homicídio, a posição contrária tem vencido o debate na opinião pública?
Ainda é cedo para dizer. Há uma guerra de narrativa acontecendo. Na verdade, o governo deveria estar mais preocupado em dar condições para que as mulheres tenham seus filhos com segurança do que criminalizar quem, muitas vezes por medo, deseja abrir mão de uma gravidez. O problema é que esse debate fica de fora.
Acha que esses temas sobrevivem até a eleição de 2026, quando serão eleitos governadores e a presidente da República?
Tudo caminha para uma nova eleição pautada em valores morais, a menos que a economia decole, aí, sim, a pauta poderá mudar.
O eleitor rejeita quem pensa diferente de sua posição sobre esses temas mesmo que o político consiga exibir bom êxito na gestão pública?
O eleitor municipal é muito pragmático em relação ao voto, quer melhoria de vida e menos ideologia. É diferente de uma eleição nacional em que questões morais pesam mais.