O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) decidiu, por unanimidade, nesta quinta-feira (11/04), cassar o mandato do distrital José Gomes (PSB) por abuso de poder econômico na corrida eleitoral de 2018. Conforme a Corte, ficou comprovada a coação de funcionários da empresa Real JG Serviços Gerais, à época de propriedade do socialista, para que votassem no então candidato.
A decisão, entretanto, não provoca efeitos imediatos. Em nota, a assessoria de imprensa de José Gomes informou que a defesa recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “O parlamentar reafirma que acredita na atuação do poder Judiciário e na comprovação de sua inocência”, diz o texto. Caso a Corte confirme a condenação e o distrital deixe a cadeira da Câmara Legislativa, a ex-distrital Luzia de Paula (PSB) assume o posto.
A representação, apresentada pelo distrital Chico Vigilante (PT) e ratificada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), detém gravações de reuniões, em que altos funcionários da empresa Real JG cobravam os trabalhadores sobre a escolha do concorrente a distrital.
Em um dos áudios atribuídos a Douglas Ferreira de Laet, parente de José Gomes e gerente da Real JG, ele diz que tem o número do título de eleitor dos funcionários e que controlará o total de votos em cada seção eleitoral. “Só para deixar claro: eu tenho o título de eleitor de vocês, sei a zona onde vão votar e sei quem vai trair e não vai trair, na Real, o senhor José Gomes. Sei quem vai dar tapinha nas costas e sei quem no dia não vai estar. Porque, se naquela zona, ‘tinha’ que votar 10 e ‘votou’ só nove, alguém ficou de fora”, ameaça Douglas.
Em depoimento ao TRE, arrolado como testemunha do Ministério Público Eleitoral, Douglas confirmou que é a pessoa gravada no áudio, mas questionou a transcrição de algumas palavras. O TRE enviou ao superintendente da Polícia Federal, em Brasília, Márcio Nunes de Oliveira, uma cópia da petição inicial e dos áudios incluídos no processo para a realização de uma perícia técnica.
O episódio também causou desdobramentos na esfera trabalhista. O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF) moveu ação civil pública por assédio moral contra a Real JG Serviços Gerais, hoje ligada ao distrital. Na peça, a Procuradoria pede a condenação da empresa ao pagamento de R$ 150 mil em indenização por dano moral coletivo. De acordo com a denúncia, durante a corrida eleitoral pela Câmara Legislativa, os funcionários da firma foram coagidos a votar no então candidato, além de fazer campanha.
O órgão ministerial recebeu oito denúncias sobre irregularidades trabalhistas na empresa. Nas peças, os trabalhadores relataram, por exemplo, que tiveram de carregar bandeiras e postar mensagens de apoio nas redes sociais, sob a ameaça de demissão. Para a procuradora que assina a petição inicial, Ludmila Reis Brito Lopes, “a conduta da empresa é lesiva e violadora de direitos”.
O empresário José Gomes tem 36 anos e declarou à Justiça Eleitoral bens que somam R$ 33,8 milhões. A empresa Real JG Serviços Gerais recebeu R$ 258 milhões do Governo do Distrito Federal desde 2013 e tem contratos com as secretarias de Agricultura, Fazenda, Educação, Trabalho, Planejamento, Detran, DFTrans e DER. Na corrida eleitoral, ele conquistou 16,5 mil votos.
Coluna Eixo Capital, publicada em 24 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) À…
Coluna Eixo Capital, publicada em 24 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) O…
Coluna Eixo Capital, publicada em 23 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) A…
Coluna Eixo Capital, publicada em 23 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) O…
Coluna Eixo Capital publicada em 22 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni O Ministério…
Coluna Eixo Capital, publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) Um…