Ana Dubeux
Os próximos oito dias serão desafiadores para os políticos brasilienses. De hoje até sábado, prazo final para as filiações partidárias, a tensão e o estresse vão dominar as negociações para escolha das legendas dos principais protagonistas, coadjuvantes e figurantes da campanha de 2018.
Todos serão contaminados pelo vírus da ansiedade pré-nominata, pouco importa a coloração partidária. “Vai ser um barata-voa”, resume um parlamentar. Não bastassem os outros contratempos provocados pela crise de credibilidade dentro do meio político e o desgaste de uma eleição atípica, com o prazo menor de campanha (apenas 45 dias) e financiamento público, os candidatos precisarão de muita paciência para enfrentar a semana que vem.
Dentro do PR, o racha aumentou. Não só pela chegada da deputada Sandra Faraj, que elevou a ciumeira dentro do partido, mas pela temporada de caça a Flávia Arruda, esposa do ex-governador e cobiçada candidata a deputada federal. Pré-candidatos ao GDF, Izalci Lucas (PSDB) e Alírio Neto (PTB), não vão mais esperar o fim do feriado para procurar o casal Arruda.
Eles querem uma definição rápida.
Um dos problemas identificados é a quantidade de candidatos na chapa encabeçada por Jofran Frejat, que terá Flávia, Celina Leão, Joaquim Roriz Neto, Filippelli, Laerte Bessa. É muita gente pra duas vagas. Há crise de ansiedade também no PSDB. Dividido entre Izalci e Maria de Lourdes Abadia.
Os tucanos de Brasília correm o risco de perder duas das suas principais lideranças, a ex-governadora e Virgílio Neto. Diante da indefinição do quadro, Abadia deve mesmo deixar o partido. Ela pode ingressar no PSB de Rollemberg. No PT, a tensão é grande. Sem um nome forte para encabeçar a chapa majoritária, o partido deve decidir hoje que rumo tomar. No PPS, PDT, Pros, PP e Podemos, o clima está de mal a pior. Haja Lexotan.
TCDF de butuca
Em uma auditoria na Câmara Legislativa, o Tribunal de Contas do DF pegou mais de uma dezena de servidores que são sócios-gerentes ou administradores de empresas e, ainda assim, ocupam ou ocuparam cargos na Casa, o que é proibido por lei. Esses servidores conseguiram tomar posse nos cargos porque assinaram declarações falsas de que não tinham empresas.
Não é só pelo Bandejão
A saída para o deficit orçamentário de mais de R$ 90 milhões na UnB esbarra em negativas do Ministério da Educação de liberar mais verba. Na última reunião com a reitora Márcia Abrahão, o ministério sinalizou a possibilidade de editar novo decreto de contingenciamento.
A preocupação se estende a outras federais pelo país. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) manifestou preocupação com a falta de recurso para a assistência estudantil, em especial aos restaurantes universitários. A UnB estuda aumentar o valor das refeições de R$ 2,50 para R$ 6,50 e acabar com o subsídio a servidores e terceirizados. Outras federais reclamam de deficit milionário na mesma área.
Linha dura no TRE
Os desembargadores Carmelita Brasil e Waldir Leôncio assumem o comando do TRE/DF, em 23 de abril. Com ela na presidência, e ele na vice e na corregedoria eleitoral, a vida dos políticos trapalhões não será fácil. Os dois são linha dura e não suportam o malfeito.
Nova York, Milão e Samambaia
Está em fase final a licitação para a construção da segunda estação de metrô com captação de energia solar na América Latina, desta vez em Samambaia Sul. A primeira foi inaugurada em outubro do ano passado, em Ceilândia. O Sistema de Energia Solar Fotovoltaica da Estação Samambaia será o quinto no mundo e deverá ser inaugurado até o fim deste ano. Outras cidades que têm estações de metrô com sistemas semelhantes, além de Ceilândia, são Milão, Nova York e Nova Délhi.
Pouca polícia
O número de peritos federais da ativa se mantém estável em 1,1 mil, desde 2012, para atender todo o Brasil. “O contingente é muito produtivo. Mas o perito de DNA não atua em casos de informática, por exemplo. Para vencer o crime organizado, o país deve investir no desenvolvimento científico da polícia”, afirma Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF).
Athos Bulcão precisa de casa
Amanhã é o último dia para ver a magnífica exposição que celebra os 100 anos de nascimento de Athos Bulcão, no CCBB. A mostra destaca o múltiplo talento do artista em 300 trabalhos, divididos entre desenhos, pinturas, objetos, esculturas, estudos e projetos.
Tudo que ele tocou se transformou em arte. Mas é preciso lembrar que Brasília tem uma dívida de gratidão com Athos. O processo de doação de terreno no Eixo Monumental para a construção da sede da Fundação Athos Bulcão, e guarda do acervo do artista, permanece engavetado na burocracia.
Se fosse construído, o arrojado prédio desenhado pelo arquiteto Lelé Filgueiras se tornaria uma atração turística para a cidade. Essa seria a verdadeira homenagem aos 100 anos de Athos Bulcão. É uma vergonha para Brasília não preservar o legado do seu mais importante artista.