À Queima Roupa com Ricardo Vale (PT), vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Por Ana Maria Campos
“Queremos e temos que impedir o avanço da extrema direita no DF. Espero que o MDB e outros partidos de centro não se juntem aos bolsonaristas da cidade”
O que está por trás dessa antecipação das eleições da Mesa Diretora da Câmara Legislativa?
A antecipação foi para manter a correlação de forças equilibrada, o respeito à democracia interna e principalmente a vontade da maioria dos deputados. A decisão foi correta, já fizemos a eleição, as influências externas foram mínimas e o ambiente político respeitoso prevalece.
Foi uma forma de evitar a contaminação eleitoral numa disputa do Legislativo?
Foi sim, e isso ficou muito evidente quando, em poucos dias de conversas, o PL local e nacional tentaram interferir no acordo de composição que já havia sido acertado entre a maioria dos deputados. Imagine se deixássemos para o final do ano? Certamente, passaríamos meses brigando por espaços na mesa e nas comissões.
Como foi o acordo para que você permanecesse na vice-presidência apesar do veto do PL?
O acordo já existia e foi pactuado, antes do recesso, entre todos os parlamentares. O que ocorreu foi uma tentativa de golpe que partiu das lideranças nacional e regional do partido bolsonarista. Eles tentaram intervir na Câmara e pressionaram os distritais. Felizmente, o acordo prevaleceu e os deputados mostraram sua independência. O governador também respeitou a decisão do Poder Legislativo, e não caiu na pressão do PL. Além disso, o presidente Wellington Luiz foi muito correto e coerente com o bloco de oposição, respeitando os nossos espaços na administração da casa.
Wellington Luiz seguiu os passos de Rafael Prudente que teve dois mandatos consecutivos na presidência. A possibilidade de reeleição num mesmo mandato dá vantagem a quem está no poder?
Depende de quem esteja na presidência. Se o perfil do presidente é de escutar, cumprir os acordos e respeitar os espaços dos outros, realmente ele tem uma certa vantagem. Se não for assim, é quase impossível se reeleger na Câmara Legislativa.
Acredita que MDB e PT estarão juntos na disputa presidencial de 2026?
Tudo indica que sim, e isso será muito importante para a manutenção da democracia em nosso país. São dois partidos que respeitam as regras do regime democrático e das eleições. Juntos com os demais partidos do campo democrático vamos derrotar de novo a extrema direita raivosa, intolerante e golpista, representada, principalmente, pelo PL de Bolsonaro.
E se isso acontecer, como fica no DF?
Aqui, no DF, estamos construindo uma aliança de centro esquerda para disputar as eleições de 2026. Queremos e temos que impedir o avanço da extrema direita no DF. Espero que o MDB e outros partidos de centro não se juntem aos bolsonaristas da cidade. Será muita incoerência eleitoral, nas próximas eleições, ver lideranças de centro, dizerem que respeitam a democracia, mas se juntarem de forma pragmática com conservadores antidemocráticos, com a turma do atraso e da mentira, com o campo que segue as orientações do golpista Bolsonaro.
Existe alguma articulação para uma possível vaga a ser aberta no TCDF?
Não tenho conhecimento. Mas se tiver, é legítimo que alguns deputados pleiteiam a vaga, faz parte do processo democrático e político.
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