Suspensão de votação causa polêmica e manifestantes entram em conflito com seguranças da Câmara

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Ana Viriato e Júlia Campos

A suspensão da votação do projeto que altera o regime previdenciário do Distrito Federal por decisão judicial causou reações na Câmara Legislativa. Distritais se revezaram na tribuna para alfinetar os colegas e discursar sobre a liminar. Em tom crítico, o presidente da Casa, Joe Valle (PDT), afirmou que “a intromissão do Judiciário na Casa é inaceitável”.

O pedetista, que havia adiantado o voto contrário ao projeto de Lei Complementar (PLC) 122/2017, manteve a dureza no desenrolar do pronunciamento. “Se os deputados continuarem a fazer isso de forma deliberada, é melhor acabar com o Legislativo local”, emendou.

A Câmara recebeu a notificação do mandado de segurança e a Procuradoria da Casa movimenta-se para dar entrada, ainda hoje, em um pedido de revogação da liminar. A Procuradoria-Geral do DF (PGDF), por sua vez, informou que aguarda ser notificada da decisão para avaliar as medidas cabíveis.

Salários em risco

Sob vaias de sindicalistas, o líder do governo no Legislativo local, Agaciel Maia (PR), atacou os parlamentares autores do mandado de segurança que levou à suspensão da votação, Ricardo Vale (PT) e Wasny de Roure (PT), e adiantou que o governo não conseguirá honrar alguns compromissos. “Anotem: o parcelamento de salários voltará a ser avaliado. Além disso, os pagamentos a terceirizados e fornecedores ficam comprometidos”, apontou. Em resposta à possibilidade, Wasny de Roure rebateu: “Que comece pelos nossos”.

Integrante da base governista, Lira (PHS) também cutucou o petista. “O senhor era presidente da Casa quando o governador Agnelo Queiroz concedeu aquele aumento estratosférico. Onde estava para frear a aprovação da proposta?”, ironizou. Em resposta, ouviu de Wellington Luiz (PMDB): “O reajuste é constitucional. O atual governo que é incompetente e não consegue incorporá-lo”.

Confusão

Em meio à confusão em frente à Câmara Legislativa, enquanto professores tentavam entrar na Casa para acompanhar a sessão, a Polícia Legislativa deteve um integrante da categoria que, supostamente, arremessou uma garrafa de plástico com gelo contra um dos seguranças da Casa. O professor recebeu a liberação da Copol após assinar um termo referente ao fato ocorrido.

Antes da suspensão da sessão para votação , havia sido autorizada a entrada dos servidores para acompanhar a votação. Mas houve tumultos. Um vigilante terceirizado da Câmara foi atingido no rosto com uma garrafa. A Polícia Militar e Legislativa intervieram e um professor foi detido.

Luís Nova

“Eu não sei o que aconteceu. Eu entrei tropeçando de tanta confusão que tinha. Quando olhei para o lado, já estavam em cima dele e o jogando no chão. Não sei para que isso, somos professores e não andamos armados. Só estamos lutando pelos nossos direitos”, relatou um manifestante.

O vigilante precisou de atendimento médico, mas não sofreu ferimentos graves. O educador detido teve o apoio da direção do Sindicato dos Professores, que levou um advogado. Ele foi liberado e conduzido para o Instituto Médico Legal para fazer exames.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

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