Servidora cobrava até R$ 5 mil para agilizar cirurgias no HRT

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A ex-servidora do Hospital Regional de Taguatinga Ruby Lopes cobrava até R$ 5 mil para agilizar cirurgias na unidade, de acordo com apuração do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e da Polícia Civil (PCDF). Exonerada em maio, ela é acusada de cobrar propina para facilitar os procedimentos desde 2017, quando teve a primeira passagem pelo hospital.

O esquema é alvo da Operação In Corruptionem (Contra a Corrupção, em latim) deflagrada nesta sexta-feira pelos órgãos. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão para levantar provas e confirmar suspeitas.

De acordo com as apurações, Ruby se aproveitava da função de enfermeira para identificar possíveis vítimas e aliciá-las. Os preços variavam de acordo com a particularidade de cada procedimento oferecido. Há denúncias com registros de pagamentos de R$ 350 a R$ 5 mil. A servidora também é acusada de ameaçar vítimas que manifestavam intenção de denunciar as irregularidades. Em alguns casos, as operações não se concretizavam.

Em residências relacionadas a Ruby, os agentes encontraram uma série de documentos da Secretaria de Saúde, além de blocos de atestados e prontuários médicos. Por isso, há também a suspeita de que a ex-servidora praticasse outros crimes, como a venda de atestados e receitas falsificadas. O celular dela, que estava escondido embaixo de um colchão, foi apreendido.

Em um dos apartamentos de Ruby, os investigadores encontraram quatro carimbos médicos, com números do Conselho Regional de Medicina. Há a suspeita de que outras pessoas façam parte do esquema, mas ainda não é possível, de acordo com os investigadores, precisar se há médicos envolvidos nas irregularidades.

“Esses carimbos encontrados podem indicar a participação desses médicos ou eles também podem ter sido vítimas dela”, explicou o delegado-chefe da Coordenação de Combate à Corrupção, aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (CECOR), Leonardo Castro.

A investigação, feita em parceria pelo MPDFT e a PCDF, começou no fim de 2018. A intenção é que, com os novos elementos, seja possível descobrir se há, de fato, mais envolvidos nos crimes.

A pedido de MP, o juiz da 2ª Vara Criminal de Taguatinga, Wagno Antônio de Souza. determinou a aplicação de medidas cautelares, entre elas o pagamento de fiança no valor de R$ 9.980, a proibição de manter contato e de se aproximar de vítimas e testemunhas e a proibição de frequentar as unidades de saúde do Distrito Federal, a não ser em caso de necessidade de atendimento médico. O descumprimento das medidas pode causar prisão preventiva.

O promotor Clayton Germano destaca que é fundamental que possíveis vítimas de Ruby procurem o MP ou a PCDF para apresentar novas denúncias. “É importante ressaltar que essas pessoas são vítimas e não responderão por nenhum crime”, destacou. “Também é preciso que se diga que servidores que cometem irregularidades são alcançáveis pelo sistema de Justiça e devem pagar pelos crimes praticados”, acrescentou.

A Operação está sendo realizada sob responsabilidade da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), e da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco), da Coordenação de Combate à Corrupção, ais Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (CECOR).

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que a direção do HRT está à disposição para colaborar com a apuração policial.

O advogado de Ruby, Radam Nakai, diz que a defesa aguardará o desenrolar dos processos, mas refuta as acusações. “Isso são intrigas, disputas políticas e amorosas. A Ruby nega tudo e não há como provar que ela recebia dinheiro, até porque a função dela não dava controle sobre as cirurgias”, argumenta.

Ela também contesta a hipótese de que os materiais apreendidos ontem possam indicar a venda de atestados e receitas. “Ela é enfermeira, estava em casa com documentos de trabalho. Foi o que ficou lá, que alguém esqueceu. Eles querem fazer essa ligação, mas não tem como”, diz.

Alexandre de Paula

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