Sertanejos vão à Justiça contra o GDF para cobrar cachê de R$ 90 mil por show no Gama

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Sucesso entre os fãs de sertanejo, a dupla goiana Israel e Rodolfo foi uma das atrações da festa de aniversário do Gama, realizada entre 12 e 15 de outubro. O show dos artistas reuniu mais de 20 mil pessoas, teve divulgação nos canais oficiais do governo e contou com a presença da administradora regional da cidade, Maria Antônia. Mas os sertanejos agora reclamam de um calote e prometem ir à Justiça contra o GDF. O pagamento do cachê de R$ 90 mil chegou a ser empenhado pela administração, mas foi cancelado poucas horas antes da apresentação. O governo alega que, como não houve assinatura de contrato, não se pode falar em dívida com os artistas.


Apesar da crise financeira do Distrito Federal, a Administração Regional do Gama decidiu investir nas comemorações dos 56 anos da cidade. O órgão pagou R$ 80 mil pelo show do cantor Zé Felipe, conhecido como Justin Bieber do Sertanejo. A outra atração da festança foi o Trio Parada Dura, que também faturou R$ 80 mil. Já a dupla Israel e Rodolfo receberia R$ 90 mil, mas o pagamento acabou suspenso momento antes de os artistas subirem ao palco.


Representante dos sertanejos, o produtor Ernesto Gold afirma que houve um acerto com a Administração Regional para o repasse do cachê. Ele diz que o grupo trouxe uma equipe de 30 pessoas de Goiânia e teve que arcar com custos de transporte e de hotel para todos. “Um show como esse exige uma infraestrutura cara. Ninguém se apresentaria de graça, é claro que houve um acerto, uma promessa de pagamento do cachê. Vamos recorrer à Justiça para receber o valor combinado com a administração”, diz Gold.


O empresário reclama ainda de não ter sido informado sobre o cancelamento do empenho. “Alguém entrou na administração regional às 20h14 do feriado de 12 de outubro, poucas horas antes do show, para cancelar o empenho. Já havíamos recebido a nota, mas ninguém nos avisou de que havia sido anulada. A administração divulgou o show em panfletos, redes sociais, fez uso político da apresentação. E depois, se recusou a pagar o cachê”, acrescenta Ernesto Gold. “A administradora do Gama, Maria Antônia Magalhães, subiu ao palco, tirou foto com os artistas no camarim, mas em nenhum momento avisou de que o governo tinha desistido de pagar pela apresentação”, reclama Ernesto Gold.


O chefe de Gabinete da Administração Regional do Gama, Adilson Velasco, nega que tenha havido promessa de pagamento do cachê. “Pela lei, a celebração de um acordo só acontece com a assinatura do contrato, que é um instrumento público. Não houve nenhum contrato com esses artistas. Houve, sim, a pretensão de contratá-los mas, no meio do processo, percebemos que não haveria recursos para essa finalidade e a administração cancelou o empenho”, diz Velasco.


Ele afirma que panfletos e divulgações em sites a respeito do show, vinculando a apresentação à Administração Regional do Gama, foram feitos sem o aval do governo. “Os empresários fizeram alusão ao aniversário da cidade, isso não quer dizer que a contratação partiu da administração pública. E se eles se anteciparam e trouxeram equipe para a apresentação, fizeram por conta e risco, porque em nenhum momento houve a celebração de contrato”, assegura. De acordo com informações do Siggo, o GDF gastou R$ 3,7 milhões com eventos culturais e R$ 2,1 milhões com homenagens e festividades em 2016.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

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