Entrevista: Hélvia Paranaguá, secretária de Educação do DF
“Uma criança na alfabetização precisa do professor inclusive pra ensinar como se segura o lápis. Esse é só um exemplo de como houve perda. Mas ninguém esperava a pandemia, então o ensino remoto foi a solução que se conseguiu”.
Na volta às aulas presenciais, o governador Ibaneis Rocha decidiu fazer mudanças na Secretaria de Educação. Quando fez o convite o que ele pediu?
Pediu para cuidar do retorno às aulas presenciais. O governador quer dar atenção ao estudante, que deve ser o centro das atenções da Secretaria.
Em que cargos você passou na Secretaria de Educação?
Eu já estive em vários cargos. Cuidei da Educação Integral, estava agora à frente da EAPE, que é a Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação, responsável pelo aperfeiçoamento dos professores. Mas jamais devo esquecer que sou professora. Entrei por concurso na Secretaria para trabalhar na sala de aula. E acho mesmo que a base da tudo é a sala de aula, porque o estudante é o motivo de o professor existir.
Você esteve também na Secretaria de Agricultura. É uma coringa no governo?
Se você andar pelo governo, vai encontrar professores em todas as secretarias (risos). Nós professores talvez tenhamos essa característica.
Já conhecia Ibaneis antes de ele entrar na política? São da mesma idade…
Conhecia sim. Lembre que ele foi presidente da OAB, que é um cargo eletivo, mas não da política partidária. Antes de ser político, ele é advogado renomado e um cidadão atuante em Brasília. Aliás, eu nasci no Piauí e vivi grande parte da minha vida em Brasília. Mas o governador nasceu em Brasília, no Hospital de Base, antes de ir morar no Piauí durante a infância. Parece que as pessoas se esquecem disso.
A rede pública está preparada para a volta às aulas presenciais?
Está sim. Estamos tomando algumas providências finais, mas posso dizer que de forma geral está tudo encaminhado: professores vacinados, escolas reformadas. Agora estamos cuidando da volta do batalhão escolar, iluminação, poda e limpeza, álcool em gel, iluminação do caminho até a escola, esse tipo de detalhe.
Que medidas de segurança serão tomadas?
Segurança sanitária, você deve estar se referindo. Adotaremos o modelo híbrido, em que a turma é dividida entre presencial e remoto, para que respeitemos o distanciamento entre os estudantes dentro da sala de aula. No mais, teremos aqueles cuidados com lavagem constante das mãos, uso de máscaras, isolamento em caso de infecção, enfim, os protocolos já conhecidos.
Qual a sua avaliação sobre as aulas à distância? Houve muitos prejuízos para os alunos neste um ano e meio da pandemia?
É inegável que houve, claro que houve. Uma criança na alfabetização precisa do professor inclusive pra ensinar como se segura o lápis. Esse é só um exemplo de como houve perda. Mas ninguém esperava a pandemia, então o ensino remoto foi a solução que se conseguiu. Em todos os momentos da história o homem enfrentou novidade de vida, por isso somos adaptáveis. Ao meio ambiente social, profissional e emocional. As aulas à distância foram um aprendizado. Um aprendizado para nós, professores, para os alunos, que otimizaram os meios digitais de comunicação para um novo viés e para as famílias, que enfrentaram com muito empenho todo o tipo de dificuldades. A marca, pra mim, é a qualidade e o trato dos nossos profissionais, que são inquestionáveis. Se não fosse a dedicação, a paixão, o empenho de cada um, o resultado poderia ter sido de dimensões maiores. Nossos professores são heróis e devem ser valorizados pelo cuidado que externaram em suas práticas pedagógicas.
Como recuperar os prejuízos?
Com estudantes nas salas de aula, reforço escolar, busca ativa, avaliação diagnóstica, professores estimulados e acolhidos, gestão eficiente e participativa.
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