O ano não foi bom para a saúde pública do DF e também não termina bem para o titular da pasta, Fábio Gondim, especialista em orçamento, contratado pelo governador Rodrigo Rollemberg para resolver a crise no setor.
Nesta manhã (30), o Ministério Público do DF e o Ministério Público de Contas recomendaram o cancelamento de uma contratação emergencial, sem licitação, para serviços de logística no valor de R$ 18 milhões, publicada no Diário Oficial na última semana do ano, quando órgãos de controle estão em recesso.
À tarde, Fábio Gondim tomou uma bronca do chefe. Por telefone, durante 25 minutos, Rollemberg reclamou com veemência de uma entrevista em que Gondim ataca a atuação do Ministério Público do DF e do Tribunal de Contas do DF. A reportagem do Correio presenciou, em gabinete na Secretaria de Saúde, o sermão que Gondim ouviu do governador.
Durante todo o tempo, Gondim dizia que foi mal-interpretado e que em nenhum momento teve intenção de atingir os órgãos de controle. Rollemberg não reduziu o tom. Ficou claro que o governador não gostou da afronta ao Ministério Público e ao TCDF. “O senhor tem razão”, respondia repetidamente o secretário de Saúde.
O secretário de Saúde dizia que não sabia “que se tratava de uma entrevista”. “Achava que era uma conversa coloquial com uma jornalista”.
A crise repercutiu nos bastidores do Palácio do Buriti. Já se fala que o embate deixou uma rusga entre Gondim e o governador e pode custar uma substituição no comando da pasta.
À noite, a Secretaria de Saúde divulgou uma nota na tentativa de esclarecer a celeuma.
“O secretário de Saúde rejeita a polemização do assunto e esclarece que sua história profissional reflete o respeito pelas instituições públicas”, diz a nota. Em outro trecho, nega que os problemas no setor existam devido aos órgãos de controle: “Em momento algum entende que as dificuldades para a gestão da Saúde decorrem de ações do MPDFT e TCDF. Pelo contrário, tem buscado o diálogo franco com essas instituições para apontar caminhos que garantam a melhoria do atendimento à população, sempre respeitando a legalidade e primando pelo gasto responsável das verbas públicas”. (Por Matheus Teixeira e Otávio Augusto)