Rosso: “Jamais tive informação de acerto de empresas para a licitação do estádio”

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ANA MARIA CAMPOS

Em entrevista ao CB.Poder, o deputado federal e presidente do PSD-DF, Rogério Rosso, nega que tenha tido qualquer informação sobre acerto entre empresas responsáveis pela construção do Estádio Mané Garrincha e políticos, defende sua gestão à frente do Buriti, fica ao lado do vice Renato Santana na polêmica com Rollemberg e afirma não haver possibilidade de fazer aliança com o governador nas eleições deste ano.

Arruda, Agnelo e Filippelli foram denunciados por corrupção no Mané Garrincha. Na sua gestão, houve algum acerto com o consórcio responsável pela obra?
Assim que assumimos o governo, em abril de 2010, na maior crise política de Brasília, existia uma tempestade perfeita de problemas, como serviços públicos paralisados, falta de medicamentos e equipamentos nos hospitais, dezenas de obras suspensas e uma falta absoluta de comando e organização do governo. Sem falar que havia um pedido de intervenção federal feito pela Procuradoria-Geral da República e, naquele ano mesmo, julgado improcedente, devido ao conjunto de medidas que tomamos visando o combate à corrupção e a adoção de mecanismos institucionais. Em abril de 2010, a licitação do estádio já se encontrava em análise pelos órgãos de fiscalização e controle, em especial o Tribunal de Contas do DF. Assim que o tribunal autorizou o andamento da licitação, as etapas técnicas e legais prosseguiram.
Os empresários da Andrade Gutierrez ou da Via Engrnharia em algum momento comentaram que havia um acerto com outros políticos?
Jamais tive qualquer informação de acerto de empresas para a licitação do estádio ou de qualquer outra obra no governo. E, se soubesse de alguma informação sobre isso seguramente a licitação não ocorreria e eu teria denunciado às autoridades competentes. Lembro que, em 2010, a Novacap licitou a obra do estádio por R$ 696 milhões ou aproximadamente US$ 200 milhões a preços de hoje para um estádio com capacidade de mais de 70 mil lugares. Outros estádios menores custaram bem mais do que isso proporcionalmente ao número de lugares. Se na execução da obra, já no outro governo, gastaram quase o triplo desse valor, não saberia dizer quais foram os motivos.

Acha que o Mané Garrincha foi uma obra faraônica com aplicação de recursos que deveriam ir para outras áreas?
Na época que assumi, não existia outro projeto a ser licitado. Não fazer significaria que Brasília, a capital do Brasil, deixaria de ser cidade-sede da Copa do Mundo. A sociedade, a opinião pública, o governo federal e o Comitê dos Jogos à época faziam intensas cobranças das cidades-sede em relação aos atrasos nas obras e ao cumprimento do cronograma tanto para a Copa das Confederações quanto para a Copa do Mundo. Cheguei a mandar uma carta para a Fifa informando que o estádio de Brasília, por estar na capital do Brasil, deveria receber o jogo de abertura da Copa, além dos outros jogos previstos. Na mesma carta, solicitei também que Brasília sediasse o Centro Internacional de Mídia da Copa, onde tradicionalmente e obrigatoriamente grandes investimentos das empresas de comunicação de todo o mundo são realizados antes e durante a cobertura dos jogos. O modelo do estádio escolhido pelo governo anterior era de utilização de recursos próprios do GDF, através da Terracap e de outras fontes, para a execução da obra.

Acha que Rollemberg tem algum preconceito em relação a Renato Santana, como o vice-governador declarou na semana passada?
Preconceito é intransferível. Só quem sente preconceito pode dizer o que está sentindo. O Renato é uma pessoa muito trabalhadora, séria e se esforçou muito na vida. A nota pública que dezenas de partidos fizeram e a nota da deputada Érika Kokay de solidariedade ao Renato retratam com exatidão essa questão. Vale lembrar que o Renato nunca foi chamado pelo governador para qualquer decisão, desde a transição até os dias de hoje. O Renato publicamente se manifestou contra muitas dessas decisões, tais como o aumento das passagens, o não pagamento dos reajustes dos servidores, a criação do Instituto Hospital de Base e a derrubada de igrejas e casas habitadas por famílias.

Há alguma chance de aliança com Rollemberg para as próximas eleições?
Absolutamente nenhuma.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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Ana Maria Campos
Tags: eleições eleições 2018 gdf mané garrincha psd rogério rosso

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