“Racionamento deveria ter começado antes e terminado depois”, diz futuro presidente da Caesb

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PEDRO GRIGORI

Indicado pelo governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) para assumir a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Fernando Leite diz que teria tomado as mesmas medidas emergências que a atual gestão para conter a crise hídrica. Mas, para Fernando, o racionamento de água deveria ter “começado antes e terminado depois”. Engenheiro elétrico, ele comandou a Caesb entre 2000 e 2011, nos governos de Joaquim Roriz e José Arruda (PR).

“À época (do fim do racionamento), ainda não tínhamos condições fundamentais para a suspensão da ação”, afirmou durante coletiva de imprensa no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), onde ocorrem as reuniões do governo de transição. No entanto, o futuro líder da Caesb garante que “respeita a decisão que foi tomada”. “É um pensamento meu, mas acho que a flexibilização do abastecimento de água também deveria ter começado com maior antecedência”.

A fala de Fernando Leite não repercutiu bem na atual gestão da Caesb, que enviou nota à imprensa lamentando as declarações. Segundo o atual presidente da Caesb, Maurício Luduvice, a ampliação do período de racionamento só serviria “para aumentar o sofrimento da população, principalmente das camadas mais pobres. Criaria ainda dificuldades para o setor produtivo com repercussão negativa na geração de emprego e renda”.

Segundo a Caesb, no período de seca, meses de julho, agosto e setembro, os reservatórios estavam em níveis bem acima do limite mínimo estabelecido pela Adasa, sendo, portanto, “desnecessária a ampliação do rodízio”. Para Luduvice, a situação de equilíbrio deu-se graças aos investimentos realizados em tempo recorde, à melhoria do sistema de abastecimento, ao apoio da população e “ao trabalho dedicado e competente dos empregados da Caesb”.

Obras prioritárias

Fernando Leite estava no comando da Caesb durante a concepção do projeto de Corumbá IV. “Discutimos a ideia de fazer uma represa de dupla finalidade. Em primeiro lugar para o abastecimento de água, pois naquela época já tínhamos estudos demonstrando a situação crítica do abastecimento de água da Caesb”. Leite afirmou que esperava a inauguração de Corumbá IV para 2008 ou 2009, e lamentou o atraso de uma de uma década. Para ele, caso estivesse em funcionamento, Corumbá IV teria impedido que o DF passasse pela crise hídrica.

A expectativa do Governo do Distrito Federal é que o reservatório entre em operação assistida até 31 de dezembro deste ano. Para 2019, as prioridades do futuro governo são a operação de Corumbá IV e o começo de um projeto de captação de água definitiva para o Lago Paranoá.

Em 2005, a Agência Nacional de Águas (ANA) concedeu outorga para retirada de até 2,5 mil litros de água por segundo do Lago Paranoá. A expectativa era que a obra custasse R$ 500 milhões, mas a verba não foi arrecadada. Em março de 2017, no auge da crise hídrica, o Ministério da Integração Nacional liberou R$ 55 milhões para o GDF construir um sistema de captação e tratamento de água emergencial, com capacidade de retirar 700 litros de água por segundo – a obra foi inaugurada em outubro de 2017.

A ideia de Leite é viabilizar o projeto original, com captação de 2,5 mil litros por segundo — a mesma quantidade de água que o DF receberá de Corumbá IV quando o sistema estiver em plena operação, o que é esperado para meados de 2019.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

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