“Que político aceitaria ficar exposto 24 horas por dia?”, questiona Rômulo Neves, ao deixar o BBB

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Rômulo Neves, diplomata, ex-participante do BBB
Como diplomata e ex-chefe de gabinete do governador Rodrigo Rollemberg, sua participação no BBB causou muita surpresa. Como aconteceu?
Foi uma surpresa para mim também. Eu estava indo jogar bola e fui abordado. Não sei se os caras já me acompanhavam nas redes sociais ou se foi sorte. Não acreditei na hora. Falei que provavelmente não. Saí de lá e conversei com a Ana (esposa). Achei que não seria ruim. Eu não falo besteira, então não tinha problema em falar para 50 milhões de pessoas. É o público que acompanha, fora que o BBB é o tema mais comentado na internet nos últimos dois meses.

Você achou que a participação poderia ajudar no seu projeto político de ser candidato?
Todo oportunidade é um risco. Mas fiz a seguinte reflexão: quantos políticos aceitariam ficar expostos durante 24 horas, sabendo que do lado de fora sua vida seria devassada? Ficou claro que não tenho vergonha de nada do que fiz na minha vida. Nada é passível de manchar a minha imagem. Quantos políticos teriam essa coragem?

Valeu a pena?
Recebi um feedback muito bom. Recebi várias mensagens de pessoas que disseram que voltaram a estudar porque me viram lá, ou que estava mudando de país e voltaram a acreditar no Brasil. Outros que disseram que estavam desempregados e aceitaram um emprego para ganhar um pouco menos que recebia antes. Só por um feedback como esse já valeu a pena. Por isso, estou visitando os estados e agradecendo.

Que imagem você passou para o público?
Para as pessoas que se identificaram comigo, ficou o idealismo. Para quem não se identificou, uma seriedade e uma rigidez excessivas. Mas não tem problema nenhum. Para o que quero fazer da minha vida, seriedade e rigidez são importantes. Vi críticas também de que eu era muito inteligente, como se a inteligência pudesse ser usada para enganar. Muitas pessoas acham que a inteligência não pode ser usada para o bem.

Você tinha planos de concorrer a um mandato de deputado federal. Esses planos foram alterados?
Os planos não mudaram. A ideia é manter o que eu estava querendo originalmente. Mas com a projeção nacional se não houver uma candidatura viável do ponto de vista da correção, da eficiência, fica menos difícil eu dizer não.

Para a Presidência ou para o governo?
Para a Presidência, não. Gostaria de ser presidente daqui a 20 anos. É um processo longo. As pessoas também não podem perder de vista que essa é uma fama mais ou menos artificial, efêmera. Não posso sobrevalorizar isso e não sobrevalorizo. Mas lá dentro eu não sabia do engajamento das pessoas aqui fora. Por isso, estou fazendo questão de agradecer. Não estou em campanha. Estou agradecendo o carinho das pessoas.

Como é ficar 24 horas em exposição pública?
Todos nós já fizemos uma viagem de férias com amigos e com alguns desconhecidos. Tinha uma piscina, uma academia. Eu literalmente estava de férias.

E como foi a reação no Itamaraty?
Ainda não sei. Só vou voltar no dia 17. Inicialmente teve algum burburinho, mas depois que as pessoas viram a minha postura, acabou naturalmente. Não falei sobre política externa. Ficou claro que ali era uma atuação da minha vida pessoal.

Para aceitar o convite de participar do BBB, você pediu conselhos a aliados políticos?
Não. Tomei a decisão sozinho. Na volta, conversei com alguns políticos do nosso campo, com quem estarei em 2018.

Falou com o governador Rodrigo Rollemberg?
Não. Eu saí do PSB e do governo. Algumas pessoas acharam que ele teve alguma influência, mas não teve nenhuma.

Qual foi a mensagem que você passou?
Dá para ser sério, sem ser enjoado, sem ser chato.

Você estava louco para sair da casa depois de dois meses de confinamento?
Quando vi que um menino que tinha comportamento exemplar saiu e uma outra com conduta questionável ficou, vi que o que estava sendo avaliado não era a boa convivência. Recebi muitas mensagens de pessoas que diziam que queriam ser meus amigos, que votariam em mim, que queriam me apresentar para a família… mas que no BBB não dava porque queriam ver brigas.

Alguma coisa mudou na sua vida por virar celebridade?
Celebridade ou subcelebridade? Nada mudou. Tudo o que eu fazia antes, vou continuar fazendo só com mais alcance.

A atuação do deputado Jean Wyllys que saiu do BBB para a política é um exemplo para você?
Acho que não. Temos perfis totalmente diferentes. E eu já tinha uma atuação política de relevo que só veio a ser potencializada.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

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