“PT falhou ao secundarizar a pauta da sociedade”, diz Wasny de Roure após deixar o partido

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À QUEIMA-ROUPA

Wasny de Roure
Ex-deputado distrital (PDT)

Depois de mais de 30 anos no PT, por que mudar de partido?

Minha desfiliação se deu face às dificuldades internas enfrentadas na última campanha. Percebi falta de engajamento de parte da militância em defender meu nome diante do pleito que enfrentamos.

Por que escolheu o PDT?

Optei pelo PDT pela sua história e identidade de democracia participativa, educação de qualidade para crianças e jovens e, ainda, o compromisso e envolvimento na luta dos trabalhadores e por seus direitos.

Houve outros convites?

Sim, do PCdoB, PSol, Rede, PDT, PSDB, PPL e PTB.

Acha que o PT erra ao manter um projeto em torno do Lula, que está condenado e inelegível, embora livre da prisão?

O PT, com a condenação de Lula e sua prisão, não tinha outra opção senão manter total solidariedade e defesa do seu principal líder. Mas falhou ao secundarizar a pauta da sociedade em momento crucial de nossa história. Vide a demora do surgimento da candidatura de Haddad. Lula tem habilidades suficientes para entender a angústia da sociedade.

Por que o PT de Brasília perdeu tantos eleitores?

O PT-DF tem permitido o protagonismo da luta interna, esquecendo-se da rica militância e do seus experientes quadros, e se afastando da vida cotidiana da cidade e dos movimentos sociais.
O distanciamento do diálogo com as igrejas, setor produtivo e outras formas de organização tem impedido um conhecimento mais aprofundado do povo.

Deixa a legenda com mágoa?

De forma alguma. Foi um aprendizado. Já havia ocorrido outros momentos em que o meu nome não era interesse do comando partidário, no entanto, a vida continua. Agradeço e acredito que honrei o partido e seu compromisso com os trabalhadores.

Ainda votaria em Lula?

Em toda minha vida pública, sempre fui fiel aos preceitos partidários construídos de forma democrática. Hoje no PDT tenho o compromisso de apoiar aquilo que for decidido em colegiado. Primeiro precisamos construir um projeto nacional com prioridades claras e reaglutinar a esquerda em condições de dialogar com partidos do centro onde não sejam meros coadjuvantes.

Por que o eleitor do DF se tornou tão conservador, a ponto de Bolsonaro reinar no DF?

Para meu espanto, o conservadorismo, hoje, não é privilégio do DF, trata-se de uma tendência global. Ao ler “1968 Eles só queriam mudar o mundo”, de Regina Zappa e Ernesto Soto, percebemos a preocupação desses jornalistas em divulgar a luta daqueles jovens e por tudo que passaram em busca de um estado democrático de direito. O intuito era não permitir que outras gerações retrocedessem, no entanto, o atual momento em que vivemos mostra que há grande risco de vivermos “anos de chumbo”.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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