À QUEIMA-ROUPA // Ivaldo Lemos Júnior
Promotor de Justiça do DF e autor do livro Fuga de Sobibor: e outras histórias do holocausto e da guerra
Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre Sobibor, o campo de extermínio judeu na Polônia ocupada pelos nazistas na Segunda Guerra?
Originalmente, recebi um convite para produzir um artigo tendo por motes “cinema” e “castigo”. O que era para ser uma peça de 20 páginas se transformou num livro de 600. O acervo sobre o assunto é gigantesco, praticamente infinito. Cada obra traz alguma contribuição; espero que esta também o faça.
Por que Sobibor? Há algo que chame mais a atenção do que Auschwitz, por exemplo?
Porque o filme escolhido para a preparação do artigo foi “Fuga de Sobibor”. Mas o livro também trata de Auschwitz — que matou muito mais do que Sobibor —, dentre outros campos, guetos e horrores em geral da guerra.
É um livro de ficção, um relato histórico ou uma análise jurídica sobre os crimes cometidos no campo de concentração?
É um relato histórico combinado com análise jurídica. O objetivo final é atualizar o tema de um conflito que acabou há décadas à luz da realidade de hoje, de modo especial a brasileira. Não se trata de ficção, mas há menção a muitos filmes e eu gostaria que fosse lido como um romance, do começo ao fim, de preferência num fôlego só.
Como foi o processo de pesquisa?
Em quase cinco anos, li o máximo de livros que consegui, fiz pesquisas pela internet e conversei com pessoas. Foi muito sacrificante, pela falta de tempo e pelo desagradável do assunto, mas também foi muito enriquecedor.
O que se aprende com um local como esse em que aproximadamente 250 mil judeus foram assassinados?
O homem é capaz de barbaridades inimagináveis e, ao mesmo tempo, de gestos sublimes de bondade. Isso já se sabia, mas não com a intensidade e a clareza que a guerra proporcionou.
Acredita ser possível a história se repetir?
A história está sempre se repetindo. Tudo é possível.
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