ANA MARIA CAMPOS
A Operação Lava-Jato e a prisão do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) praticamente enterram a possibilidade de sua candidatura ao Governo do Distrito Federal, um projeto de poder trabalhado na última década.
Desde o impeachment de Dilma Rousseff, com a chegada de Michel Temer à Presidência da República, Filippelli passou a acreditar que era a sua vez de chegar ao Palácio do Buriti, principalmente pelas dificuldades políticas e financeiras de seu principal rival no Distrito Federal, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Filippelli vinha se encontrando com políticos da oposição a Rollemberg, como os deputados Alberto Fraga (DEM) e Izalci Lucas (PSDB) o ex-deputado distrital Alírio Neto (PTB). Ele também gravou inserções do PMDB para as tevês e rádios com críticas ao GDF e se colocou como o responsável pela inclusão de regras para a legalização de condomínios do DF na MP 759, editada pelo presidente Michel Temer, para criar novas regras para a regularização fundiária no país.
Os planos de Filippelli foram mantidos até mesmo depois de o nome dele aparecer na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para remessa de termos das delações premiadas de executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez a investigações em primeira instância.
João Antonio Pacífico, ex-executivo da Odebrecht, disse que negociou R$15 milhões em pagamentos a Filippelli e ao ex-governador Agnelo Queiroz (PT) em troca de agilidade na liberação e ocupação do Centro Administrativo (Centrad), em Taguatinga.
A candidatura de Filippelli ao governo em 2018 começou a se tornar mais distante com a crise envolvendo seu padrinho político, o presidente Michel Temer, que terá de enfrentar um processo de impeachment pelas delações do empresário Joesley Batista, dono da JBS, e ainda corre o risco de perder o mandato no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Filippelli começou a vida pública no grupo político de Joaquim Roriz. Foi administrador regional, presidemte da extinta Shis (hoje Codhab) e o chefão das obras. No fim do quarto mandato de Roriz, Filippelli sonhava ser escolhido o sucessor, mas Roriz acabou apoiando sua vice, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), e indiretamente José Roberto Arruda, nas eleições de 2006.
Eleito deputado federal naquele ano, Filippelli compôs com Arruda e voltou q exercer influência nas obras do governo do DF. Ele é um raro caso de político qye manteve esse poderio durante quatro mandatos consecutivos de governadores di DF.
Com a derrocada do governo Arruda, abatido pela Operação Caixa de Pandora, Filippelli ajudou a eleger Rogério Rosso, então do PMDB, para mandato tampão escolhido pela Câmara Legislativa, em 2010.
Começou, assim, a costurar um acordo com o PT para ser o vice de Agnelo. Essa articulação passou pelo rompimento com Joaquim Roriz, que precisou deixar o PMDB para ser candidato ao GDF contra Agnelo e Filippelli, até ser impedido pela Lei da Ficha Limpa.
Sem condições legais de concorrer, Roriz lançou a mulher, Weslian Roriz, para se contrapor a Agnelo e Filippelli. Com a vitória no segundo turno da aliança entre PT e PMDB, Filippelli virou um vice-governador com poder compartilhado.
Filippelli mandava nas obras, no transporte e, no último ano do governo, também na comunicação. Em 2014, a chapa, que concorreu à reeleição, não foi sequer para o segundo turno.
Apesar do rompimento com Roriz em 2010, o ex-vice-governador se reaproximou do antigo grupo político e voltou a associar a sua imagem a obras do passado, como a Ponte JK e a construção de vários viadutos.
Com o ex-governador doente e fora da política, Filippelli optou pela interlocução com Weslian Roriz e com a deputada distrital Liliane Roriz (PTB). No meio político, acreditava-se que Liliane poderia ser a vice na chapa para que Filippelli carregasse o nome Roriz na disputa ao GDF. Liliane, no entanto, por condenações na Justiça Eleitoral, está inelegivel.
Com o novo cenário de dificuldades para Filippelli, o grupo adversário de Rollemberg tem Fraga, Izalci, Alírio e o ex-deputado Jofran Frejat (PR) como potenciais candidatos ao governo.