“Preocupação com a segurança do ambiente escolar passou a ser uma constante em várias escolas do DF”, diz ex-secretário de Educação

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Coluna Eixo Capital/Por Ana Maria Campos

À QUEIMA-ROUPA

Marcelo Aguiar, Ex-secretário de Educação

Qual é a sua opinião sobre o modelo de gestão compartilhada das escolas públicas com a PM?

Não considero que o projeto do governo do DF seja uma militarização pura e simples das Escolas, mas, sim, uma parceria entre duas instituições do próprio governo no sentido de criar as condições de ordem e segurança para a comunidade escolar, e isto em um número pequeno de escolas. Serão 40, num universo da mais de 700 escolas. Além do que, a gestão pedagógica está garantida como responsabilidade dos profissionais da educação e não dos militares. Os professores têm que ter a tranquilidade de poder exercer seu papel de transmitir conhecimento sem a preocupação de serem vítimas ou de que seus alunos sejam vítimas da violência. Só o tempo dirá se os índices educacionais mudarão com a gestão compartilhada, mas eu torço para que dê certo.

Quais as vantagens?

A principal vantagem é a tranquilidade que o ambiente escolar passa a ter a partir da presença da PM em seu dia a dia. Os professores e os alunos podem se dedicar, sem preocupações, ao objetivo principal: ensinar e aprender. Nos períodos que estive à frente da educação, por diversas vezes, recebi solicitações de diretores de escola no sentido de acionar a Polícia Militar para uma presença maior perto das escolas. A preocupação com a segurança do ambiente escolar, infelizmente, passou a ser uma constante em várias escolas do DF.

E desvantagens?

Não vejo grandes desvantagens no projeto, se houver a garantia de que a Lei da Gestão Democrática será obedecida.

O secretário de Educação, Rafael Parente, saiu por não concordar com a decisão do governador Ibaneis Rocha de implementar o modelo em duas escolas em que a comunidade vetou a gestão compartilhada. O que acha disso?

Houve uma inabilidade muito grande no processo de negociação com a categoria e no esclarecimento do projeto. Não havia necessidade de se chegar a esse ponto de confronto pontual com a comunidade escolar de duas escolas. Tenho certeza de que a Secretaria de Educação deve ter recebido dezenas de solicitações de escolas interessadas em implantar o projeto e que se enquadram nos critérios estabelecidos de elegibilidade. Por que não começar por essas? É claro que é justa a preocupação do governador de que uma escola com altos índices de ocorrências de violência, de baixos resultados nos indicadores educacionais precisa ter uma solução para sua comunidade. Mas ele mesmo já recuou no caso do Gisno e abriu a negociação para encontrarem uma alternativa.

Há exagero por parte do Sinpro?

O Sinpro cumpre seu papel de defesa da categoria e de preocupação com um engessamento que um projeto como esse poderia acarretar para a democracia interna, mas sempre é melhor o caminho do meio, da negociação franca e aberta, para se chegar a uma solução que seja aceita por todos. E me parece que o governo optou por esse caminho.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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