“Precisamos ter um Senado independente”, afirma Reguffe

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Coluna Eixo Capital/Por Alexandre de Paula

À Queima Roupa

José Antonio Reguffe (Podemos-DF), senador

Como o senhor votará para a presidência do Senado? Decidiu seu candidato?
Há dois anos, enfrentei Renan e Davi pela presidência do Senado. Tive seis votos, mas defendi o que acredito e cumpri meu papel com dignidade. Nessa eleição, vou votar na Simone Tebet. O Senado precisa mudar. Não dá para continuar como está. Mesmo ela não defendendo todas as minhas pautas, é uma pessoa séria e um ar novo.

O que pode ser melhorado e o que precisa mudar no Senado?
O Senado é uma das casas legislativas mais caras do mundo. Precisamos de um Senado que custe muito menos ao contribuinte, que seja mais transparente e que tenha um processo legislativo mais ágil. Sinceramente, é preciso acabar com esses extras, verba indenizatória, carros oficiais, aposentadoria parlamentar, plano de saúde vitalício para senadores, é preciso reduzir verba e número de assessores por gabinete. Um senador tem direito a 55 assessores, tenho apenas nove. Abri mão de tudo isso no primeiro dia do mandato. Não só falo, fiz na prática, dei o exemplo. Além disso, precisamos ter um Senado independente. Hoje parece que existe uma troca de favores, e não só com o Executivo, mas com o Judiciário também. Agora, verdadeira independência significa que não vai ser subserviente, mas também que não vai ser instrumento de chantagem e barganha junto ao governo para atrapalhar o país.

Qual avaliação o senhor faz da atuação do presidente Jair Bolsonaro na pandemia?
Um desastre. Ele entrou numa postura de negação e resolveu brigar com a ciência. Seria cômico se não fosse trágico. Uma irresponsabilidade total! A vacina não é uma questão ideológica, é a chance da humanidade de salvar vidas.

E na esfera local? O que o senhor acha da condução feita pelo GDF?
Começou bem e depois se perdeu. Mas tenho tentado uma linha de diálogo com o governo. No Senado, cumpri minha obrigação e ajudei a cidade e o governo. No projeto de ajuda aos estados e municípios que chegou ao Senado, o DF tinha sido contemplado apenas na condição de estado. Apresentei emenda e, por justiça, num esforço conjunto com a Leila e o Izalci, conseguimos mudar o texto e o DF recebeu mais R$ 189 milhões para o enfrentamento da pandemia do previsto inicialmente. Além disso, com as minhas emendas individuais ao Orçamento da União, a saúde do DF recebeu remédios e equipamentos para vários hospitais da rede.

O senhor consegue enxergar algum nome que possa se contrapor a Bolsonaro nas próximas eleições?
Difícil fazer previsão dois anos antes. Hoje, com as redes sociais, uma pessoa fica conhecida nacionalmente muito rápido. Acho e, sinceramente, espero que daqui até lá surjam nomes novos. O Brasil precisa de alguém que tenha uma visão moderna na economia, que defenda um Estado mais enxuto e eficiente, mas, ao mesmo tempo, esse alguém precisa entender que esse é um país que tem milhões de pessoas em extrema pobreza e que precisam de programas de proteção social. Mas não apenas com porta de entrada, mas de saída também.

O senhor está chegando à fase final do mandato no Senado. Quais pontos destaca das ações feitas até agora?
Honrei e cumpri tudo o que escrevi no meu panfleto de campanha. Ponto por ponto. Sem exceção. Algo, infelizmente, raro na política hoje. Com os cortes que fiz no meu gabinete, economizei sozinho R$ 16,7 milhões aos cofres públicos. De um dinheiro que é dos impostos de todos nós. Mas meu mandato é muito mais do que o exemplo e as economias. Apresentei 11 PECs e 51 projetos. Aprovei seis no Senado, e todos relevantes. O DF recebeu remédios para câncer, 14 ambulâncias para o Samu e equipamentos para vários hospitais da rede por emendas minhas ao Orçamento da União. Destinei recursos também para construção e reforma de escolas e creches públicas e para o aparelhamento da polícia e do Corpo de Bombeiros.

O seu nome está sempre entre os cotados para o GDF. O senhor pretende se candidatar ao Buriti em 2022? Quais os planos para a próxima eleição?
No meio de uma pandemia, acho que os políticos, pelo menos os que têm consciência das suas responsabilidades, devem ficar preocupados em cumprir bem suas obrigações e dar uma contribuição. Como tenho feito, trazendo recursos para a saúde do DF. Sinceramente, não defini ainda o que vou fazer na eleição. Mas penso que o DF precisa de um grande pacto pela cidade. É preciso juntar todos aqueles que verdadeiramente amam essa cidade, sem preconceitos, sendo firme em princípios, e criar um grande projeto de desenvolvimento econômico para a cidade. E que também melhore os serviços públicos oferecidos à população, principalmente na área de saúde, que precisa ser a grande prioridade. Nisso, poderia ser candidato a governador, senador ou até deputado distrital. Quero ver nossa cidade melhorar.

Alexandre de Paula

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