PF indicia Arruda, Agnelo, Filippeli e mais 18 acusados de irregularidades na obra do Mané Garrincha

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Ana Viriato e Helena Mader

A Polícia Federal concluiu o relatório final da Operação Panatenaico com o indiciamento de 21  acusados de envolvimento no esquema, entre eles os ex-governadores José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli.  O indiciamento de políticos, empresários, advogados e ex-servidores públicos é baseado em laudos, depoimentos e informações obtidas durante mandados de busca e apreensão nas duas fases da operação. O relatório final tem quase 350 páginas e detalha como os acusados teriam superfaturado os contratos para a construção do Estádio Mané Garrincha.

O orçamento inicial da empreitada era de R$ 600 milhões, mas a arena esportiva da capital federal custou R$ 1,575 bilhão.  Segundo a Polícia Federal, arquivos apresentados no acordo de leniência de executivos da Construtora Andrade Gutierrez continham as chamadas planilhas de referência, com datas de criação e edição anteriores ao lançamento do edital, pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), para a reforma do Estádio Nacional.

A investigação foi conduzida pela Delegacia de Inquéritos Especiais da Polícia Federal no DF e contou com a participação de policiais federais e peritos criminais. Alguns documentos chamam a atenção no processo.  Segundo a PF, entre as notas apresentadas pela Andrade Gutierrez na chamadas “medições”, estavam serviços de buffet para a comemoração do Dias das Mães de servidores da Novacap, aluguel de camarotes para o jogo que marcou a despedida de Neymar do Santos, em 2013, além de outros serviços sem relação com a obra, como notas relativas à logística dos shows de Beyoncé e da banda Aerosmith.

Prisão
Em 23 de maio, Arruda, Agnelo, Filippelli e outras seis pessoas foram presos temporariamente. Eles deixaram a detenção um dia antes do previsto, amparados por habeas corpus, concedido pelo desembargador da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) Néviton Guedes. As investigações apontam que o esquema fraudulento causou um rombo de R$ 1,3 bilhão aos cofres da Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap).
Segundo as delações da Construtora Andrade Gutierrez, homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e enviadas ao MPF, o ex-governador José Roberto Arruda organizou um “acordo de mercado” entre grandes empreiteiras que atuam na capital. Assim, as licitações eram direcionadas de modo que empresas específicas vencessem o certame das principais construções do DF. No caso do Mané Garrincha, ficou responsável pelas obras o consórcio formado por Andrade e a Odebrecht.

À época, o ex-governador assinou o Convênio nº 323/2009. O acordo previa que a Terracap ficaria responsável pelos repasses financeiros às empresas. A Novacap, por sua vez, conduziria os processos de licitação e contratação.  Na sucessão do governo de Arruda, Agnelo Queiroz teria derrubado alguns obstáculos para viabilizar a execução das obras, de acordo com  a PF.

O esquema, segundo os acordos de leniência da Andrade Gutierrez e da Odebrecht, repetiu-se nas obras do Legado Urbanístico em torno do Mané Garrincha, do BRT Sul, do Centro Administrativo de Brasília (Centrad) e do Setor Habitacional Jardins Mangueiral — as delações chegaram ao MPF e estão nas mãos do grupo de trabalho que atua na Panatenaico. Na prática, isso significa que as provas levantadas serão usadas, de forma simultânea, na apuração de todas as denúncias.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

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