Construída para abrigar condenados em penas altas, perigosos e articulados no crime organizado, a penitenciária federal de Brasília está pronta e prestes a ser inaugurada dentro do Complexo Penitenciário da Papuda.
O Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, acerta os últimos detalhes para colar a unidade que custou R$ 40 milhões em funcionamento. A data prevista para a inauguração é janeiro, depois de vários atrasos. Falta pouco agora para o Distrito Federal entrar na rota de presidiários perigosos e de seus staffs – advogados, familiares e parceiros no mundo da criminalidade.
O presídio de segurança máxima de Brasília será o quinto do país. Já funcionam unidades em Mossoró (RN), Catanduvas (PR), Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS). Todos funcionam com a mesma rotina. São 208 celas de seis metros quadrados, cada uma para um único detento, destinadas a presos como o traficante Fernandindo Beira-Mar, condenado a 320 anos de prisão, que cumpre a pena atualmente no presídio de Mossoró. Caberá ao Depen definir quem virá para Brasília.
Isolamento
É numa unidade como essa, em Campo Grande (MS), que o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral vai passar os próximos meses. Ele será transferido a pedido do Ministério Público Federal por ter feito comentários sobre a família do juiz Marcelo Bretas, que o condenou. Na penitenciária, ele seguirá a disciplina de todos os presídios federais.
Ficará isolado numa cela, com direito a apenas duas horas de banho de sol, por dia, sem direito a visita íntima, e com contatos externos apenas pelo parlatório, da forma como se vê em filmes: por telefone, separado do interlocutor por um vidro. Todas as conversas, mesmo com os advogados, são gravadas. Os visitantes passam por quatro vistorias e essa regra vale até mesmo para juízes, servidores e advogados dos presos.
Migração do crime organizado
Envolvido em várias denúncias de corrupção, Sérgio Cabral não é o preso clássico das penitenciárias federais. A lotação é de presidiários perigosos, com conexões fortes em estruturas criminosas ativas. São bandidos que mesmo dentro da cadeia mantêm um vínculo com o mundo externo, inclusive organizando o tráfico de drogas, assaltos e homicídios.
Por isso, a inauguração da penitenciária federal em Brasília desperta debates e preocupações entre policiais civis e promotores de Justiça. Hoje o sistema penitenciário do DF não está contaminado pelo crime organizado. Os presos perigosos vão ficar isolados no presídio federal. Mas o receio é de que a transferência deles para Brasília acabe por trazer também seus asseclas e suas estruturas criminosas.
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