Por Ana Maria Campos — A filha, Cecília Malan, pediu: “Pai, tira o blazer”… Mas quem foi ministro da Fazenda não perde a elegância. Pedro Malan, aos 81 anos, a manteve, mesmo com o calor e o cansaço. Passou horas em pé recebendo um a um os admiradores, leitores e curiosos que foram, na noite de sexta-feira, à livraria Travessa, no shopping Leblon, para o lançamento do livro 30 anos do Real. A obra reúne de crônicas sobre o plano que encerrou um tempo de hiperinflação no Brasil. Organizada pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, reúne textos dos dois e do também parceiro na bem-sucedida empreitada de 1994 Edmar Bacha. Não há previsão de noite de autógrafos semelhante em Brasília. Malan disse que, atualmente, vem menos à capital federal do que gostaria. Mas só viria para um evento com o livro se os companheiros Franco e Bacha topassem acompanhá-lo.
Solidão
Na apresentação do 30 anos do Real, Gustavo Franco lembra de um trecho de uma crônica escrita por Arnaldo Jabor que considerou mais comovente: “Não há solidão mais terrível do que ser da equipe econômica do governo”. O atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve concordar. No livro, Franco lembra que o Plano Real recebeu muitas críticas no seu início: “As circunstâncias foram sempre difíceis, dentro e fora do País. O enfrentamento e a polêmica, bem como a paciência e a consistência, foram marcas inequívocas desse trajeto. Nem Lula nem Bolsonaro apoiaram esse projeto quando jovens, e não estavam sozinhos. Muitos políticos, inclusive alguns amigos, diziam que as soluções que propúnhamos eram de quem não conhecia Brasília nem nada sobre as vontades do povo”.
Atraso
O livro 30 anos do Real sai com um pouco de atraso, já que a medida provisória da URV, que deu início ao plano, foi editada em 27 de fevereiro de 1994. Mas, antes da publicação, Gustavo Franco esteve em evento no Banco Central para celebrar a efeméride com um público seleto: apenas funcionários da instituição. Em maio, a sessão especial da Conferência Anual do Banco Central foi comandada pelo atual presidente, Roberto Campos, e contou com a presença dos ex-presidentes da instituição: Gustavo Loyola (1992-1993 e 1995-1997), Pedro Malan (1993-1995), Persio Arida (1995) e Gustavo Franco (1997-1999).
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Merecida homenagem a Juliano Costa Couto
A Câmara Legislativa vai promover uma homenagem ao ex-presidente da OAB Juliano Costa Couto, que morreu em abril. Ele será agraciado com o título post mortem de Cidadão Honorário de Brasília. O evento será realizado durante a sessão solene em comemoração ao Dia do Advogado. A iniciativa partiu do deputado Daniel de Castro (PP) e deve ter a adesão de muitos amigos, admiradores e comunidade jurídica.