Coluna Eixo Capital//Por Ana Maria Campos
Conhecido como “Xerife”, o empresário Miguel Iskin, um dos alvos da Operação Conexão Brasília, deflagrada ontem pelo Ministério Público do Distrito Federal, é apontado como um dos operadores do esquema criminoso de fornecimento de equipamentos médico-hospitalares no Rio de Janeiro e em outros estados. Na manhã de ontem, os investigadores estiveram na casa dele, de três andares, no Jardim Botânico, para cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva. Iskin, no entanto, não estava no imóvel. Denunciado na Operação Ressonância, do Ministério Público Federal no Rio, ele está preso e sem condições de aproveitar a vista para as maravilhas do Rio: o Cristo Redentor, a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Pedra da Gávea. A acusação é de fraude nos contratos com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into). Ele havia sido liberado da prisão em julho pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, mas, dias depois, voltou para a cadeia, por ordem do juiz Marcelo Bretas. Agora, com a Operação Conexão Brasília, ele é alvo de dois mandados de prisão preventiva. A avaliação dos promotores de Brasília é de que o esquema de Iskin foi importado, durante o governo Agnelo, para a área de saúde.
Apreciador de vinhos
Durante a busca e apreensão na casa do empresário Miguel Iskin, investigadores da Operação Conexão Brasília encontraram notas de compras de vinhos para grandes apreciadores que não se importam de gastar. Na lista, por exemplo, há Cháteau Pétrus, a US 3,8 mil, ou Cháteau Margaux, a US$ 11 mil. Neste caso, algo em torno de R$ 40 mil.
Tudo no mesmo dia
Foi uma coincidência curiosa. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, foi preso ontem, justamente no dia em que promotores de Justiça de Brasília realizavam a Operação Brasília tendo como alvos os integrantes do esquema de Cabral.
Trabalho silencioso
A investigação sobre o contrato de órteses e próteses sob o comando do ex-secretário de Saúde Rafael Barbosa, preso ontem preventivamente, é um dos trabalhos de uma força-tarefa de combate à corrupção na saúde, criada em julho pelo procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bessa, Coordenada pelo promotor de Justiça Luís Henrique Ishihara (foto), o grupo trabalha sem estardalhaço desde então. Também participam da força-tarefa os promotores Flávio Henrique de Andrade, Rodrigo de Araújo Bezerra e Gabriela Gonzalez Pinto.
Do círculo de Cabral
Um dos alvos da Operação Conexão Brasília, o ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Cortês é um dos integrantes do grupo de Sérgio Cabral que participaram do famoso jantar em Paris, que ficou conhecido como a “farra dos guardanapos”. É apontado como um dos integrantes do esquema de corrupção na chamada “máfia das próteses e órteses”.
Disputa acirrada
Foi grande a disputa pela escolha do titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia. O deputado Cristiano Araújo (PSD) trabalhou para ser o escolhido no cargo que exerceu em 2012. O senador eleito Izalci Lucas (PSDB/DF) também tem interesse no setor e quis influenciar a escolha. Mas coube ao PRB a indicação de Gilvan Máximo para chefiar a pasta. A intenção inicial da legenda era emplacar o atual presidente regional, Vanderley Tavares. Em jogo, um dos projetos mais importantes do governo Ibaneis, a Cidade Inteligente.
Sem conexões sindicais
A escolha do futuro secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, saiu depois de uma ampla discussão. O governador eleito, Ibaneis Rocha (MDB), ouviu sindicalistas, servidores, médicos e o aliado Jofran Frejat (PR). Mas preferiu indicar alguém sem relação direta com esses setores que influenciam a gestão. Não queria um secretário sindicalista. Ganhou um profissional que tem o apoio do atual ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e o próximo, Luiz Henrique Mandetta. A expectativa na equipe de Ibaneis Rocha é de que seja o portador de muitos recursos federais para melhorar os hospitais do Distrito Federal.
Uma coisa é uma coisa…
A aposta entre advogados é de que a classe não gosta da mistura de política partidária e gestão governamental com a atividade na OAB/DF. Muitos podem ter votado em Ibaneis Rocha para o Palácio do Buriti, mas, em maioria, preferiram alguém da oposição para o comando da instituição. Seria esse o motivo da derrota de Jacques Veloso, apoiado por Ibaneis, e a vitória de Délio Lins e Silva Júnior, da oposição.