ANA MARIA CAMPOS e ALAN RIOS
A Polícia Civil, por meio da CECOR, desencadeou hoje (03/05) a 5ª fase da “Operação Mr. Hyde”, que busca a desarticulação de organizações criminosas integradas por médicos, hospitais e empresas fornecedores de materiais para procedimentos cirúrgicos (em especial Órteses, Próteses).
Foram cumpridos seis mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão contra dois médicos e supostos testas-de-ferro suspeitos de integrarem uma organização criminosa. Os mandados foram cumpridos no DF e na cidade de São Paulo.
Durante as buscas, policiais apreenderam na casa dos médicos dinheiro (cerca de R$ 70 mil), arma e remédios. Quatro veículos também foram apreendidos.
Investigação da CECOR apontou que as organizações criminosas atuam lesando financeiramente pacientes a partir de fraudes nos processos concorrenciais promovidos pelos planos de saúde; de superfaturamento nos preços de materiais cirúrgicos fornecidos pelas mencionadas empresas; da reutilização de parte desses materiais; e do uso de materiais vencidos ou de marcas distintas das informadas nos relatórios médicos, de qualidade inferior aos efetivamente cobrados nas cirurgias, sendo que realizam também procedimentos cirúrgicos desnecessários, com o fim exclusivo de ganho financeiro em detrimento da saúde de pacientes.
Dois médicos agora investigados passaram a ser alvo de investigação após a primeira fase da “Operação Mr. Hyde” por seus nomes constarem da planilha de pagamento de propinas em troca da indicação da empresa TM MEDICAL como fornecedora de materiais em suas cirurgias.
Com o aprofundamento das investigações, verificou-se que os médicos criaram empresas e colocaram funcionários como testas-de-ferro. Segundo a investigação, há indícios também de crime de lavagem de dinheiro.
O delegado Adriano Valente, diretor da Divisão de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil, detalhou o caso lembrando que os profissionais se aproveitavam de momentos de sensibilidade das vítimas. “É uma atitude covarde dos médicos que causa danos à saúde física e mental dos pacientes. Cerca de 150 pessoas lesadas já procuraram a gente, mas esse número ainda pode crescer. Tivemos um caso de um paciente que foi ao hospital com torcicolo e acabou sendo submetida a uma cirurgia sem necessidade nenhuma, só para gerar lucro.”
Dos seis mandados de prisão temporária, cinco já foram detidos e um alvo da operação ainda está sendo procurado. Destes, três são médicos e a outra metade são pessoas apontadas como “testas de ferro”, que emprestavam seus nomes e empresas para facilitar as fraudes.
Outro exemplo dado por Valente foi a análise de um superfaturamento de material cirúrgico: “Teve caso em que foi preciso utilizar uma espécie de parafuso na operação que custava cerca de R$ 150, mas foi cobrado mais de R$ 2 mil por ele”.