Os ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR), além do ex-vice governador Tadeu Filippelli (MDB) estão na lista dos denunciados, nesta quinta-feira (6/4), pelo Ministério Público Federal no DF. Constam também o presidente da Via Engenharia, Fernando Queiroz; o ex-presidente da Novacap, Nilson Martorelli; a ex-diretora da Terracap, Maruska Oliveira; e outras seis pessoas. Se a 12ª Vara Federal aceitar a acusação, todos viram réus, quase um ano depois do início das investigações. A relação foi divulgada pelo DFTV, da Rede Globo, e confirmada por fontes ouvidas pelo Correio.
Os denunciados devem responder por organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e fraude à licitação. De acordo com relatório da Polícia Federal que embasou a denúncia, entregue ao MPF/DF em agosto de 2017, os ex-chefes do Executivo organizaram um “acordo de mercado”, no qual as maiores empresas do Brasil pagavam propina a gestores para vencer as licitações das principais obras do governo do Distrito Federal. Entre elas, o Mané Garrincha.
No documento de 350 páginas, a Polícia Federal descreve o resultado de perícias em notebooks, celulares e outros objetos colhidos durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão. Há, ainda, trechos de delações, estudos técnicos, laudos, notas fiscais e documentos entregues pela empreiteira que, segundo a corporação, comprovam a existência de um esquema fraudulento que superfaturou a construção da arena e desviou verbas. O material será encaminhado ao MPF, órgão responsável pelas denúncias à Justiça.
Além das delações de executivos da construtora Andrade Gutierrez, a apuração é embasada em informações da Agência de Desenvolvimento de Brasília (Terracap). Em abril, policiais federais requisitaram à estatal, responsável pelos repasses financeiros para a empreitada, toda a documentação referente às obras do Mané Garrincha. Integrantes do governo local também entregaram aos investigadores o balanço final da Terracap, que apontou um rombo de R$ 1,3 bilhão com a construção do estádio.
Mesmo investigados, Agnelo e Filippelli pretendem voltar ao protagonismo político e devem disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Arruda, por outro lado, atua nos bastidores para emplacar a chapa de aliados.
Acusados
O Correio entrou em contato com Agnelo Queiroz (PT) que não atendeu às ligações ou respondeu as mensagens de WhatsApp. O advogado dele, Daniel Guerber, afirmou que o ex-governador se manifestaria apenas nos autos. Arruda chegou a atender o telefone, contudo, a ligação caiu após o questionamento sobre a denúncia. Filippelli informou que não teve acesso à denúncia. Os demais envolvidos não foram encontrados pela reportagem.
Confira a lista:
Agnelo Queiroz — Ex-governador do DF
Tadeu Filippelli — Ex-vice-governador do DF
José Roberto Arruda — Ex-governador do DF
Maruska Lima de Sousa Holanda — Ex-diretora de Edificações da Novacap e ex-presidente da Terracap
Nilson Martorelli — Ex-presidente da Novacap
Fernando Queiroz — Proprietário da Via Engenharia
Jorge Luiz Salomão — Operador de Agnelo
Sérgio Lúcio Silva de Andrade — Operador de Arruda
Afrânio Roberto de Souza Filho — Operador de Filippelli
Luiz Carlos Alcoforado — Ex-advogado de Agnelo, teria recebido propina destinada ao petista
Wellington Medeiros — Ex-desembargador e advogado, teria recebido propina para Arruda
Alberto Noli— Executivo da Via Engenharia