“O presidente viu nele uma pessoa sem viés ideológico”, diz Fraga sobre Aras

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À QUEIMA-ROUPA

Ex-deputado Alberto Fraga, presidente do DEM-DF

Um ano depois da eleição, que avaliação você faz do cenário que levou à sua derrota?

Perdi em virtude de um fator externo, por causa da minha condenação que causou um estrago muito grande a quatro dias da eleição.

Você foi absolvido e havia uma expectativa de que fosse para o governo Bolsonaro. Há algo nesse sentido?

Converso muito com o presidente. As pessoas sabem do meu grau de amizade que tenho com ele, mas só quero falar sobre essa possibilidade quando estiver totalmente desimpedido. O governo Bolsonaro tem a meta de que todo mundo seja ficha limpa e não quero causar nenhum tipo de transtorno, especialmente pelo grau de amizade que tenho com ele.

O que está pendente ainda?

O processo que me condenou foi desmembrado em dois. Então, acho que em breve nós teremos um outro julgamento, onde prefiro esperar um resultado da Justiça.

Como foi a sua participação na indicação de Augusto Aras como procurador-geral da República?

Ele é meu amigo há mais de 15 anos. Uma pessoa muito correta que vê as coisas não com uma visão ideológica, mas dentro da legalidade. Tenho certeza de que será um excelente procurador e que vai destravar a questão da pauta econômica do nosso país. Tem muita coisa travada, tanto é que ele já tem marcada uma audiência com os procuradores de todos os estados para tratar desse assunto que é muito importante. E vai ajudar o Brasil no desenvolvimento. Ele é um desenvolvimentista e, por isso que na época que levei o nome ao Bolsonaro, ao conversar com ele, o presidente viu nele uma pessoa sem viés ideológico. A gente sabe que lamentavelmente o Ministério Público precisa de uma dosagem de equilíbrio. Houve muitos abusos e tenho certeza que o Aras vai corrigir tudo isso.

O presidente Bolsonaro foi eleito com uma bandeira de combate à corrupção. Ele realmente tem trabalhado para combater a corrupção?

Tem trabalhado, tanto é que ele apoia incondicionalmente a Lava-Jato e tem apoiado muito o ministro Sérgio Moro nesse pacote anticrimes. É uma coisa que precisamos avançar. Mas ninguém governa sem o Congresso e, às vezes, uma iniciativa não é bem recebida pelo Congresso.

Falta um articulador político para o presidente? Vemos uma dificuldade de relacionamento até com os parlamentares do próprio partido de Bolsonaro…

Há uma reclamação muito grande no Congresso sobre articulação política, mas não posso emitir nenhuma opinião porque tenho uma ligação muito grande tanto com o Congresso quanto com o presidente. É certo, no entanto, que uma articulação política precisa ser feita por políticos.

Falta alguém que fale pelo presidente com autoridade?

O presidente foi, durante 28 anos, parlamentar. Então, para alguém fazer essa sinergia tem que ter a vivência. Ele escolheu hoje Eduardo Gomes, que será um bom líder do governo no Congresso. Esta relação presidente, líderes, assessores e ministro da articulação tem que ter pessoas que falem a mesma linguagem.

Existe mesmo um projeto de fusão do PSL com o DEM?

Se há uma coisa que o Democratas não tem é dono. Então, um assunto como esse tem que ser discutido pela executiva nacional.

Qual é o papel do DEM hoje no DF? Quais são os planos do partido?

Temos um deputado federal. Estamos buscando fazer uma nominata boa para deputado distrital. O partido não está parado. Mas só faço política na hora da política. Tenho conversado com várias pessoas que têm vontade de se candidatar, mas 2022 está tão longe que eu prefiro, no momento, me preocupar mais com a pauta nacional, tentando ajudar o presidente em assuntos que conheço.

Pensa em se candidatar de novo?

Não sei ainda. Confesso que saí tão decepcionado da eleição que pode ser que nem me candidate mais. Mas em determinada fase de sua vida pública você depende mais do povo do que de você mesmo. E as pesquisas de opinião estão por aí. Se, de repente, meu nome surgir, pode até ser. Mas, como pretensão, por enquanto não.

Qual avaliação você faz de 10 meses do governo Ibaneis?

Em alguns assuntos, ele merece crédito e é muito inábil em outras questões. Por exemplo, a gente percebe que a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros não foram atendidos e isso fica difícil de recuperar depois. A saúde ainda deixa a desejar. Na segurança pública, pouco se houve falar em melhorias. Era um governo em que muitos esperavam uma mudança brusca, mas a opinião popular é de que está a mesma coisa.

O presidente Bolsonaro disse recentemente que, para aumentar os salários de policiais civis, precisava também reajustar os de policiais militares. Quem soprou isso ao presidente?

O presidente é militar. Acho que ele sabe, até pela nossa convivência, que as forças de segurança no DF são organizadas pela União. Então, filhos da mesma mãe não podem ser tratados com desigualdade.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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