Negociações coletivas moldam direitos trabalhistas, avalia especialista

Compartilhe

Da coluna Eixo Capital

À Queima Roupa

Daniel Miranda, advogado com atuação especializada em consultivo e contencioso empresarial estratégico com enfoque perante os Tribunais Superiores

“As alterações mais recentes na CLT trouxeram uma gama de novas modalidades de contrato de trabalho, mas me parece evidente que é por meio das negociações coletivas que os interessados conseguirão atingir um cenário mais adequado ao momento vivido”


Com a modernização das relações de trabalho, quais são os desafios da CLT, que completou 80 anos e foi criada num mundo bem diferente?

A cada dia a CLT é desafiada pelas mudanças no mercado de trabalho e nas relações entre empresas e trabalhadores. As alterações mais recentes na CLT trouxeram uma gama de novas modalidades de contrato de trabalho, mas me parece evidente que é por meio das negociações coletivas que os interessados conseguirão atingir um cenário mais adequado ao momento vivido. A legislação nunca será capaz de dar todas as respostas.

É possível modernizar a CLT apenas com a jurisprudência de casos julgados nos tribunais ou precisa aprovar novas leis?

O chamado poder normativo da Justiça do Trabalho é há muito reconhecido e estabelecido. Os entendimentos jurisprudenciais consolidados pelo TST são de importância inegável e servem como um parâmetro para atualização da interpretação legal. É normal e que o processo legislativo tome um tempo que gera lacunas que acabam sendo solucionadas pela jurisprudência ou pela negociação coletiva.

Como adequar a legislação à crescente informalidade no mercado de trabalho?

A precarização das relações de trabalho é tema de constante debate e não pode ser confundida com adequação das relações jurídicas de trabalho aos tempos atuais. A Constituição e a CLT já possuem mecanismos para combate à precarização. Acredito que a questão passa mais pela fiscalização e atuação do Estado em busca da aplicação dos critérios estabelecidos em lei.

Com repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal reafirmou a prevalência das negociações coletivas de trabalho sobre a legislação. Qual é o impacto dessa decisão?

Como tivemos a oportunidade de tratar no Jus Braziliense, é fato que as negociações coletivas são a base das relações de trabalho em todas as maiores economias do mundo. Ao reafirmar a liberdade negocial coletiva, o STF garante aos empregados e empregadores o papel de condução de suas relações, desde que respeitados os limites dos direitos indisponíveis.

O direito de greve é previsto na Constituição. Quando uma paralisação do serviço público deve ser considerada ilegal?

Quando se trata de conflito entre direitos e garantias e interesses variados, a resposta é sempre uma só: razoabilidade.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

Publicado por
Ana Maria Campos
Tags: CLT Daniel Miranda direito do trabalho Jus Braziliense

Posts recentes

  • Eixo Capital

Coronel da PM do DF minimizou risco em reunião antes do 8/1

Coluna Eixo Capital, publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) Um…

18 horas atrás
  • Eixo Capital

Coronel minimizou risco em reunião antes do 8/1

Coluna Eixo Capital publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni  Um áudio…

23 horas atrás
  • CB.Poder

Bug em app foi decisivo para PF obter detalhes do plano de golpe

Da Coluna Eixo Capital, por Pablo Giovanni (interino) Um relatório da Polícia Federal, que levou…

2 dias atrás
  • CB.Poder

Moraes ameaça multar presidente da CPI do 8/1 em R$ 50 mil

Texto de Pablo Giovanni publicado na coluna Eixo Capital nesta terça-feira (19/11) — O ministro…

3 dias atrás
  • CB.Poder

PF acessa celular de homem-bomba e apreende telefone de ex-companheira

Coluna publicada neste domingo (17/11) por Ana Maria Campos e Pablo Giovanni — A Polícia…

5 dias atrás
  • CB.Poder
  • Eixo Capital
  • Eleições
  • Notícias

Por determinação da Comissão Eleitoral da OAB-DF, Cleber Lopes se retrata, mas mantém promessa de isentar a anuidade de jovens advogados

ANA MARIA CAMPOS O colegiado da Comissão Eleitoral da OAB se reuniu na noite desta…

5 dias atrás