Sem a presença do governador Ibaneis Rocha (MDB), a primeira reunião entre o novo secretário de Educação, João Pedro Ferraz, e o Sindicato dos Professores (Sinpro) terminou sem consenso nesta quarta-feira (21/08). No encontro, a Comissão de Negociação da entidade garantiu que não aceitará a implementação da gestão compartilhada com a Polícia Militar nas duas escolas que rejeitaram o modelo — O Centro Educacional Gisno e o Centro de Ensino Fundamental 407 de Samambaia. “Não vamos aceitar uma virada de mesa. O governo não pode aceitar apenas os resultados favoráveis a ele”, disse o diretor Samuel Fernandes.
O Sinpro alegou que “ontem mesmo havia PMs no CEF 407, desrespeitando literalmente o resultado das eleições”. “Colocamos que a PM precisa ser retirada imediatamente para resolver esse impasse. O governo acaba tensionando mais agindo dessa forma, impondo, de forma ditatorial. O caminho é diálogo e aceitar o resultado”, criticou.
Recém-nomeado, Ferraz explicou que precisa se inteirar sobre o assunto para conduzir as negociações. Antes confirmado na reunião, Ibaneis não apareceu devido “a um choque de agendas”. A ideia do novo secretário de Educação é conversar com a comunidade escolar das duas instituições de ensino antes de discutir com o GDF e a entidade uma proposta capaz de resolver o conflito.
Ferraz deve pedir autorização ao governador para fazê-lo ainda nesta tarde. “Eu preciso, primeiro, conversar com Ibaneis para saber qual será a determinação dele em relação a isso”, explicou. “O governador pode dizer: ‘Sim. Converse com as escolas e me traga sua impressão e opinião’. Mas, se ele disser que não vai conversar com as escolas e que quer a administração compartilhada, vamos tratar de fazer isso”, completou.
Caso o governo não volte atrás quanto à decisão de militarizar as duas escolas, o Sinpro não descarta judicializar o processo. “Nosso jurídico está trabalhando para ver a melhor forma de resolver esse impasse, caso vá para a esfera judicial. Esperamos que o governo respeite o processo democrático”, assegurou.
Apesar da posição do Sinpro, o secretário voltou a defender a legitimidade do governador para impor o programa e afirmou não existir uma crise na pasta devido ao impasse, que resultou a demissão do primeiro titular da gestão, Rafael Parente. “Isso é um ponto dentro de um pequeno programa da Secretaria de Educação”, frisou.
Nas escolas que rejeitaram a proposta, as votações foram apertadas. No CEF 407 de Samambaia, 77,55% dos profissionais negaram o modelo. Entre pais e estudantes, 60,32% disseram “sim” à militarização. O placar final registrou 58,49% dos votos válidos contra a mudança. No Gisno, 67% dos professores, assistentes e temporários e 54,7% dos alunos e responsáveis posicionaram-se pela rejeição da gestão compartilhada. No agregado, 57,66% barraram o projeto.
Investimento
Durante os cerca de 40 minutos de reunião, o Sinpro defendeu que as escolas recebam investimentos em vez de policiais militares. “A PM pode atuar por meio do Batalhão Escolar, na porta dos colégios, para garantir a segurança. Mas queremos melhorias como a diminuição de alunos por sala de aula, bibliotecas, laboratórios”, declarou Samuel Fernandes.
O diretor do Sinpro ponderou sobre o valor pago aos policiais militares que trabalham nas instituições de ensino a título de gratificação. “Hoje, é gasto cerca de R$ 40 mil por mês com gratificações aos PMs das escolas. Isso dá meio milhão por ano. Algumas escolas não recebem do PDAF (Programa de Descentralização Administrativa e Financeira) nem R$ 100 mil por ano. E, quando recebem, é com atraso”, disparou.
O secretário de Educação rebateu e afirmou que “quem tomou a decisão observou que o benefício compensa o gasto”. “Se traz o benefício, a disciplina e a comunidade feliz, acho que vale o custo”, apostou.
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