“Não há motivo para que compromisso seja abandonado”, diz presidente do Sinpol sobre paridade salarial

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Texto de Ana Maria Campos publicado neste domingo (24/8) — Entrevista com Enoque Venâncio, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF):

Como foi a receptividade à proposta do governo federal para o reajuste dos policiais civis do DF?

A proposta foi recebida com grande frustração pela categoria, que já atravessou longos períodos de espera e sacrifício. Havia uma expectativa muito grande de que o governo do presidente Lula restaurasse a equiparação com a Polícia Federal, mas a proposta apresentada, de 18%, ficou muito aquém para que isso se concretize. Esse argumento, de usar um reajuste passado — concedido apenas para recompor perdas históricas — como justificativa, em vez de fortalecer o diálogo, amplia o sentimento de descaso e reforça a urgência da mobilização permanente. É preciso lembrar que a equiparação sempre foi reconhecida em governos anteriores, especialmente no governo Lula, e não há motivo para que esse compromisso seja abandonado agora.

O que a categoria esperava?

A categoria esperava que a proposta encaminhada pelo GDF em fevereiro – que garante a equiparação em maio de 2026 e já foi aprovada por unanimidade em assembleia – fosse respeitada e apresentada. Também aguardava uma proposta técnica, com base orçamentária clara, compatível com a relevância do trabalho da PCDF, que não atende apenas ao DF, mas também cumpre papel central na segurança da União, de suas autoridades e de representações internacionais na capital federal. A estrutura híbrida da PCDF — subordinada ao DF, mas organizada e custeada pela União — deveria ser tratada como diferencial positivo, garantindo não apenas o reconhecimento pelos resultados já comprovados, mas também a justa valorização remuneratória.

Acredita que ainda há a possibilidade de avanços nessa negociação?

Sim. Até porque a mesa é de negociação: se não houver abertura para ajustar uma proposta rejeitada pela categoria, não se pode chamar o processo de “fórum de diálogo” nem o resultado de “acordo”. Ainda não recebemos oficialmente essa proposta, o que significa que há espaço para melhorias. Além disso, confiamos no histórico do governo Lula em valorizar a PCDF e manter a simetria com a Polícia Federal, por ser medida de justiça corporativa e estratégica para a segurança pública.

Como avalia o apoio político que a categoria vem recebendo?

Nesse momento, todo apoio é extremamente importante. Temos recebido respaldo de parlamentares de diferentes campos ideológicos e, mais recentemente, o apoio relevante do ex-ministro José Dirceu, que certamente fortalece nossa luta. Esse tipo de articulação ajuda a manter a causa no centro do debate político e reforça a legitimidade da nossa reivindicação.

Os recursos são do orçamento do próprio DF. Por que o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos está propondo um reajuste abaixo do autorizado pelo governador Ibaneis Rocha?

Até agora, não houve justificativa técnica para essa mudança de entendimento sobre a nossa equiparação com a Polícia Federal. Nada a explica. Por isso, acreditamos que, ao tomar conhecimento direto da realidade e da luta da categoria, o presidente Lula irá restabelecer esse direito histórico, corrigindo essa distorção.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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