Um dos depoimentos mais esperados da CPI do Transporte não representou o avanço significativo esperado. No mesmo dia em que teve início a etapa de acareações — para confrontar as diferentes versões apresentadas —, o ex-diretor geral do DFTrans Marco Antônio Campanella compareceu à Câmara Legislativa na manhã desta terça-feira (8/10) e o tema central foi a atuação da autarquia na polêmica licitação de R$ 7,8 bilhões que renovou a frota de ônibus do DF — que também foi alvo de ação de improbidade do Ministério Público do DF. Apesar de afirmar que as tarifas técnicas foram calculadas com uma base de dados inconsistente, o presidente licenciado do PPL eximiu-se de culpa: “fizemos apenas um apoio técnico à Secretaria de Transporte, sem participar da formulação do edital”. Campanella, que deveria ter comparecido em 10 de setembro, quando apresentou atestado médico e conseguiu adiar a presença, afirmou diversas vezes não se lembrar dos fatos questionados e negou conhecer o advogado Sacha Reck, pivô das investigações.
Como não poderia deixar de ser, veio à tona o parecer emitido pelo ex-chefe da assessoria jurídica do DFTrans Samuel Barbosa. O documento inviabilizaria a participação de três empresas por formação de grupo econômico, algo proibido pelo edital. A Viação Planeta, a Viação Cidade Brasília e a Viação Pioneira — uma das cinco vencedoras do certame — teriam o mesmo grupo de sócios. Victor Foresti é dono da Cidade Brasília e casado com Cristiane Constantino, sócia da Pioneira. Samuel relatou que o então vice governador, Tadeu Filippelli (PMDB), convocou ele e Campanella para reunião na Residência da Vice Governadoria para dizer que Samuel não tinha competência para emitir tal documento. Os deputados aprovaram requerimentos para convocar Foresti; o sócio gerente da Logit Consultoria, Wagner Colombini, apontado por Sacha Reck como o formulador das memórias de cálculo das tarifas técnicas; e de Guilherme Gonçalves, ex-sócio de Sacha Reck e que também teria atuado no processo. A assessoria de Filippelli já havia dito que “a competência para emitir pareceres era da Procuradoria-Geral do DF”.
Na sessão desta terça, Samuel e o ex-diretor técnico do DFTrans Ricardo Leite foram chamados para confrontar as versões com Campanella. O ex-chefe da assessoria jurídica afirmou ter escrito outro parecer, contra as empresas Viação Planalto (Viplan), Santos & Pradela e Planalto Rio Preto — de Wagner Canhedo. De acordo com ele, esse documento foi aceito. Ricardo Leite reiterou o que havia dito em depoimento: Campanella concentrava as decisões e dificultou a fiscalização do transporte público — uma das atribuições do DFTrans. Sobre a posição de Ricardo, Campanella disse que “em um momento crucial como aquele, toda a fiscalização deveria ficar de acordo com a política geral da autarquia”. Quanto ao documento proferido por Samuel, apesar de ter dito em um primeiro momento não se lembrar, disse que o DFTrans “cumpriu seu papel ao emitir pareceres em relação ao grupo Canhedo e a (Victor) Foresti”.
Em linhas gerais, foi um dia morno na CPI. Pouco mais de duas horas de depoimentos e sem maiores embates entre depoentes e distritais. A rusga maior ficou por conta de Raimundo Ribeiro (PSDB) e Rafael Prudente (PMDB). Isso aconteceu no momento em que o peemebista perguntou a Samuel Barbosa se ele teria encontrado alguém da CPI antes de depor. O servidor da Casa respondeu que viu Ribeiro na casa de Telma Rufino (sem partido) na época em que a deputada sofreu um ataque cardíaco. “Nós não estamos no banco dos réus e, se estivéssemos, os investigados não seriam os deputados”, respondeu o relator da Comissão. Coube ao presidente da CPI, Bispo Renato Andrade (PR), apaziguar a situação.
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