MP cobra Rollemberg sobre regulamentação de lei LGBT que ele mesmo propôs, em 2000

Compartilhe

Ana Viriato

Dezesseis anos após a aprovação da lei que estabelece punições para casos de discriminação por orientação sexual, de autoria dos então deputados distritais Maria José Maninha (Psol) e Rodrigo Rollemberg (PSB), o governo do Distrito Federal ainda não regulamentou a proposta — o prazo legal era de 60 dias. Devido à protelação, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) ajuizou, nesta quinta-feira (19/1), uma ação civil pública contra o governo. O órgão solicitou, ainda, o pagamento de danos morais coletivos, no valor de R$ 500 mil, que devem ser usados em campanhas de prevenção à discriminação.

A lei, cuja regulamentação é cobrada pela população lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexual (LGBTTI) há quase uma década, chegou a ser regulamentada em 2013, pelo então governador Agnelo Queiroz.  Mas, diante da pressão da bancada evangélica, o decreto foi revogado no dia seguinte à publicação no Diário Oficial do DF. Em meados de junho do ano passado, o projeto foi o tema da 19ª Parada do Orgulho LGBTS de Brasília.

A lei prevê diversas penalidades em casos de discriminação por entidades privadas: advertência; multa de R$ 5 a R$ 10 mil; suspensão do alvará de funcionamento por 30 dias; e cassação do alvará. Além disso, a autoridade fiscalizadora é autorizada a elevar em até cinco vezes o valor da multa, quando se verificar que, “em face da capacidade econômica do estabelecimento, a pena resultará inócua”. Na vertente pública, as sanções disciplinares aplicadas são as previstas nas legislações de órgãos, entidades da administração ou os respectivos agentes.

Fila de casos

Os casos de discriminação no âmbito público, entretanto, se acumularam em filas das secretarias responsáveis pelas análises. Em 2016, a Casa Civil informou ao Ministério Público do DF que não aplicaria as sanções administrativas previstas na lei, argumentando que não havia regulamentação.

Assim, o MPDFT pede, na ação, que o Distrito Federal estabeleça uma rotina de aplicação da lei até a edição do decreto regulamentador. O órgão solicita, ainda, que seja aplicada multa de R$ 100 mil ao DF, para cada caso que não receber decisão em até dois anos.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

Posts recentes

  • Eixo Capital

Ricardo Peres decide apoiar Cleber Lopes na candidatura para presidência da OAB-DF

Por Ana Maria Campos — O advogado Ricardo Peres, do grupo do governador Ibaneis Rocha…

2 dias atrás
  • Eixo Capital

“GenZ cresce em meio a um mundo de incertezas”, diz COO da Nice House

Por Ana Maria Campos - À queima-roupa - Willian Amaral, fundador e COO da Nice…

3 dias atrás
  • Eixo Capital

Leany Lemos tem nova missão de ajudar na campanha de Tábata Amaral

Por Ana Maria Campos — Secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão dos governos de Rodrigo Rollemberg…

3 dias atrás
  • Eixo Capital
  • GDF

Sociedade quer mais mulheres no Superior Tribunal de Justiça

Por Ana Dubeux — Vinte e três coletivos e associações representativas da sociedade civil e…

4 dias atrás
  • Eixo Capital

Cristiane Damasceno anuncia saída do grupo do presidente da OAB-DF

Por Ana Maria Campos — Os aliados do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil…

1 semana atrás
  • Eixo Capital

Poder de investigação do MP em debate no STF

Por Ana Maria Campos — Mais uma vez o tema será apreciado pelo Supremo Tribunal Federal…

1 semana atrás