Morre ex-secretário de Saúde e ex-deputado federal Frejat, aos 83 anos

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ANA MARIA CAMPOS

Morreu hoje (23/11) uma referência na saúde pública do Distrito Federal. O ex-deputado federal Jofran Frejat estava em tratamento de quimioterapia por conta de um câncer de pulmão e não resistiu.

Tinha 83 anos, sendo mais mais de 40 anos dedicado à saúde e à política.

Frejat foi cinco vezes deputado federal e secretário de Saúde dos governos de Aimé Lamaison e Joaquim Roriz. Era do tempo em que não se viam escândalos nos gastos de saúde. Fez história nos hospitais de Brasília, não apenas como cirurgião, mas também como gestor. Costumava dizer que não permitia ingerências políticas em seu trabalho. Disse não várias vezes para o governador que lhe chefiava.

Frejat conhecia como poucos o funcionamento da rede pública. Trabalhou na estruturação do Sistema Único de Saúde e na construção de vários centros de saúde do DF.

O médico Jofran Frejat nasceu em Floriano (PI), em 19 de maio de 1937, numa família com muitos irmãos. O mais conhecido é José Frejat, que foi deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro e é pai do cantor Roberto Frejat.

Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1962, fez pós-graduação pela Universidade de Londres em 1972.

Era querido entre servidores da saúde e da segurança pública. Diretor do Instituto Médico Legal do Distrito Federal entre 1973 e 1979, nos governos Hélio Prates da Silveira e Elmo Serejo Farias, foi também secretário-geral do Ministério da Previdência Social.

Eleito deputado federal pelo PFL do Distrito Federal em 1986, participou da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição de 1988. Reeleito em 1990, afastou-se para ocupar a Secretaria de Saúde no segundo governo Joaquim Roriz. Filiado ao PP, foi reeleito em 1994, ingressou no PPB, votou contra a Emenda da Reeleição e conquistou um novo mandato em 1998, afastando-se para retornar à Secretaria de Saúde no terceiro governo Joaquim Roriz. Em 2002, disputou uma cadeira no Senado Federal. Mas não se elegeu.

Frejat poderia estar agora na metade de seu mandato como governador do Distrito Federal. Favorito nas pesquisas de intenção de votos em 2018, ele abriu mão inexplicavelmente da pré-candidatura. Na época, disse que não aceitaria fazer um pacto com diabo. Na época, houve muitas interpretações, mas nem mesmo os aliados mais próximos sabiam dizer o real motivo de Frejat abdicar de um mandato quase certo, em torno do qual se uniam políticos como José Roberto Arruda, Alberto Fraga, Eliana Pedrosa, Alirio Neto e Ibaneis Rocha.

Frejat era respeitado até pelos adversários. Quando desistiu da candidatura, recebeu a solidariedade até do adversário com quem disputou o segundo turno quatro anos antes, Rodrigo Rollemberg (PSB)

Repercussão

Diversos políticos e representantes da capital federal lamentaram a morte do médico. O governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) relembrou a trajetória de Frejat na política e na área da saúde. “Sua dedicação fez do Distrito Federal uma referência no tratamento da saúde pública. Foi deputado federal atuante, constituinte, enfim, um homem que dedicou sua vida ao serviço público”, comentou Ibaneis. “Nos aproximamos na época da última eleição para governador, quando cheguei a abrir mão da minha candidatura para apoiá-lo, até que ele desistiu da disputa”, acrescentou.

O ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) também prestou homenagem ao político. “Acabei de receber, com muita tristeza, a informação do falecimento de Jofran Frejat. Embora adversários na eleição de 2014 sempre mantive com ele uma relação de respeito e diálogo. Frejat exerceu a política com dignidade e tinha minha admiração. Que Deus conforte sua família”, disse.

A deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) foi candidata a vice-governadora na chapa de Frejat em 2014. “Perdemos um amigo, um líder e um homem público exemplar. Tive a honra de ser vice do Frejat em 2014 e aprendi muito com ele.”

“Frejat era um homem admirado pela honestidade, capacidade de trabalho, que sempre lutou por Brasília. Deixa um grande legado, especialmente, por tudo que realizou na área de Saúde. Como amigo particular e colega de bancada no Congresso Nacional, fomos deputados constituintes, eu manifesto meu profundo sentimento de perda pelo falecimento de Frejat. Nos conhecemos desde a década de 60, antes da política. Frejat era amigo dos seus amigos”, disse o ex-senador e ex-ministro do Tribunal de Contas da União Valmir Campelo.

Colega de profissão o senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (Cidadania) lamentou o ocorrido: “O Distrito Federal perdeu hoje um dos seus pioneiros mais respeitados. Jofran Frejat foi um médico competente e um político sério que ajudou a fazer Brasília. Uma grande perda para a cidade e para todos que convivemos com ele”.

A senadora do Distrito Federal Leila do Vôlei (PSB) destacou a importância de Frejat na área da saúde. “Perdemos um homem que lutou pelo SUS e foi um dos responsáveis pela criação da Faculdade de Ciências de Saúde do DF”, destacou.

O senador do DF  Izalci Lucas (PSDB) destacou o “imenso legado” deixado pelo amigo. “Jofran Frejat médico, Jofran Frejat deputado, Jofran Frejat gestor público era sempre o mesmo Frejat, aquele que fazia o bem sem olhar a quem. Dedicou a maior parte de sua vida ao nosso Distrito Federal como médico, deputado federal e Secretário de Saúde”, reforçou.

Para o presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT) do Distrito Federal, Georges Michel, o falecimento é uma perda para sociedade brasiliense. “Jofran Frejat, honrado político, ocupou altos cargos no Distrito Federal, no Governo Federal e foi deputado federal, sempre pautado na ética e no interesse público”, frisou.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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