“Marli quis arrumar uma forma de atingir o governo”, diz o distrital Cristiano Araújo, citado em gravações

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É verdade que você esteve em São Paulo, numa casa de prostituição, para comemorar alguma liberação de recursos com o então diretor do Fundo de Saúde Ricardo Cardoso?
Isso é um absurdo. Nunca fui com ele em casa noturna nenhuma. Minha relação com ele se deu por conta do cargo. Ele cuidava do orçamento da saúde e esteve na Câmara Legislativa, algumas vezes, em vários gabinetes, inclusive no meu.

O que o diretor do Fundo de Saúde tratava nesses contatos com deputados?
Ele foi prestar contas dos recursos, ajudava a definir as áreas para onde os deputados deveriam destinar as emendas da saúde, para áreas que mais precisavam de recursos. Ele foi também participou de algumas audiências públicas.


Mas você esteve com ele em São Paulo?
Encontrei com ele, almoçamos juntos e cada um seguiu seu caminho.


Essa história surgiu de uma conversa do ex-subsecretário de Saúde Marcos Júnior, gravada pela presidente do SindSaúde Marli Rodrigues. Por que você acha que seu nome foi citado por ele?
Na minha avaliação, o Fábio (Gondim), quando foi exonerado da Secretaria de Saúde, achou que eu e o deputado Robério (Negreiros) teríamos exercido alguma influência contra ele. O Fábio tentou se aproximar de alguns deputados, mas não tinha proximidade com ele.


O fato de a história do cabaré, contada por uma testemunha apresentada pela presidente do SindSaude, ser mentira, como você aponta, não acaba desacreditando as demais denúncias?
Não tem nada a ver. Posso dizer que nunca estive em casa de cabaré. Ele vai ter que provar isso. Mas não podemos ignorar os outros fatos. Apenas uma investigação vai dizer se procedem ou não.

Qual vai ser o foco da CPI da Saúde?

Temos que verificar as questões de terceirização, de contratos emergenciais e pagamentos irregulares.

Acha que o depoimento da Marli Rodrigues passou credibilidade?
Ela trouxe fatos importantes para a CPI, mas poderia ter apresentado mais provas. Não deixa de ser, no entanto, um indicativo sobre para onde deveremos seguir.

E o depoimento do vice-governador Renato Santana? Acha que ele deveria ter denunciado às autoridade competentes o relato que fez na conversa gravada pela presidente do SindSaúde?
Tenho total confiança no vice-governador e sei que ele ouve a todos. É preciso ressaltar que chegam muitas denúncias em nossos gabinetes. Já fui abordado por empresários que contam histórias, mas não querem aparecer, não têm coragem de formalizar. Então, fica faltando consistência.

Por que acha que a presidente do SindSaúde fez essas gravações?
Minha avaliação do contexto é que a Marli está magoada com o governo porque não conseguiu benefícios para a sua categoria. Ela também é contra a adoção de Organizações Sociais na gestão e condena o caos na saúde. Ela quis arrumar uma forma de atingir o governo.

A CPI vai seguir esse rumo político?
Não. Apenas não podemos ignorar esses fatos apontados nas gravações.

Você terá isenção para interrogar em depoimento alguém que o citou?
Estou muito à vontade sobre esse assunto da minha vida pessoal. Mas ele cometeu um atentado contra a minha honra. Vou fazer ele provar. Quero passar isso a limpo. Tenho a minha honra de pai de família.

Sua família é dona de uma empresa que presta serviços para a Secretaria de Saúde. Isso influencia a sua posição na CPI?
Não influencia. A matriz familiar é outra. A empresa do meu tio existe há 40 anos, está no mercado e não depende do Cristiano Araújo.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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