Da coluna Eixo Capital/Ana Maria Campos
Senador Izalci Lucas (PSDB/DF)
“A preocupação de furar o teto é com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com o deficit. Não dá para liberar a todo momento por qualquer motivo. Tem outros mecanismos que o governo tem que buscar”
Os aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva querem que o Bolsa Família fique quatro anos fora do teto de gastos, enquanto muitos deputados e senadores, incluindo bolsonaristas, querem dar esta permissão apenas em 2023. Qual é a sua opinião?
Lógico que não dá para fazer. A nossa disposição é para fazer por um ano. Acredito que não passe.
Qual é o risco de furar o teto de gastos?
A preocupação de furar o teto é com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com o deficit. Não dá para liberar a todo momento por qualquer motivo. Tem outros mecanismos que o governo tem que buscar.
O que está em jogo: uma preocupação com as contas públicas ou o receio de dar um cheque em branco para Lula?
A preocupação é com o gasto público sem controle. Não queremos de volta a inflação. Principalmente o PSDB. Está em nosso DNA a Lei de Responsabilidade Fiscal, o respeito às contas públicas. Não é dar um cheque em branco. É a preocupação com o país. É temor de volta a inflação e o aumento dos juros. E aqueles que perdem com a inflação são aqueles que mais precisam.
Por enquanto, falta consenso para a aprovação. Acha que virá?
Vamos buscar um entendimento, mas não dá para aprovar o valor e o prazo que são fundamentais. Mas o complemento, a questão das universidades, sim. Há consenso em liberar o valor para as universidades, mas o principal é termos uma PEC para discutirmos, hoje não a temos. O que sabemos é o que está na imprensa e uma conversa do grupo de transição, mas não tem nada ainda.
Falta um articulador político?
Imagino que isso deve estar acontecendo em conversas com alguns senadores, mas como o PSDB declarou oposição, não está sendo chamado para discussão. Participei de uma reunião com o relator do orçamento, senador Marcelo de Castro, que está apoiando a PEC, mas não existe ainda a PEC oficialmente. Só após a apresentação é que haverá, de fato, essas conversas.
Qual deve ser, na sua opinião, o perfil do futuro ministro da Economia?
Em primeiro lugar, um ministro que tenha um perfil de credibilidade. Que tenha compromisso com a lei de responsabilidade fiscal, com as contas públicas, com o interesse do país e que leve a sério as questões da economia. Não dá para brincar com isso. O Brasil pode perder muito se colocar qualquer um só com olhos na questão política.