ANA VIRIATO
ALEXANDRE DE PAULA
O governador Ibaneis Rocha (MDB) indicou, pela quarta vez, um distrital derrotado nas urnas para a estrutura da administração pública. O emedebista emplacou Cristiano Araújo (PSD) na Diretoria de Administração da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô). O nome do ex-parlamentar precisa ser referendado pelo Conselho de Administração da empresa pública — de acordo com a assessoria de imprensa, não há data para que isso ocorra. Pelo exercício do cargo, ele receberá R$ 14,9 mil mensais.
Na corrida pelo quarto mandato como distrital, Cristiano recebeu 8.676 votos e acabou fora dos quadros da Câmara Legislativa. O ex-deputado ficou em evidência na última legislatura ao se tornar réu por corrupção passiva no âmbito da Operação Drácon, que investigou cinco parlamentares, além de integrantes do Executivo local, pela cobrança de propina em troca da liberação de sobras orçamentárias para o pagamento de empresas de UTI que prestavam serviços ao GDF. Pelo mesmo episódio, ele virou alvo de uma ação de improbidade administrativa ainda não recebida pela Justiça.
O pessedista também é réu por fraude à licitação. De acordo com a ação apresentada pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o ex-distrital participou de um suposto esquema de distribuição ilegal de bolsas de pesquisa científica em 2012, à época em que comandava a Secretaria de Ciência e Tecnologia.
É a segunda vez em que Ibaneis indica um ex-distrital ao alto escalão do Metrô-DF. Em novembro, ele escolheu Wellington Luiz (MDB) para a presidência. Entretanto, recuou após recomendação expedida pelo MPDFT em 14 de dezembro. O órgão ministerial apontou que a Lei Federal nº 13.303/2016 proíbe a nomeação de qualquer pessoa que tenha atuado, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral, na direção ou conselho de administração de empresa pública e sociedade de economia mista. À época, o MPDFT apontou que o distrital, não reeleito, é filiado ao MDB e esteve vinculado à campanha eleitoral nos últimos meses.
Outras indicações
Além de Cristiano Araújo, outros três ex-distritais foram contemplados com cargos na gestão Ibaneis Rocha. Correligionário do governador, Raimundo Ribeiro conquistou um posto na diretoria da Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa).
Bispo Renato Andrade (PR) ficou à frente da articulação política com a Câmara Legislativa. O ex-distrital responde, ao lado de Cristiano Araújo, por corrupção passiva na Drácon. Réu por peculato, Wellington Luiz (MDB) comandará a Companhia Habitacional do DF (Codhab). O emedebista é acusado de desviar R$ 105 mil de uma emenda parlamentar para bancar despesas de uma viagem à Europa. A verba seria aplicada em um projeto de capacitação para atletas amadores no Varjão, mas o evento não foi realizado. Todos os ex-distritais negam o envolvimento em irregularidades e refutam as denúncias.
Posse
O presidente do Metrô-DF, Handerson Ribeiro, e o diretor técnico da empresa pública, Luis Carlos Tamezine, tomaram posse nesta terça-feira. O novo comandante da Companhia do Metropolitano tem pós-graduação em Gestão Pública, e iniciou sua vida pública como analista de infraestrutura do Ministério do Planejamento. Também foi superintendente de Licitações e Contratos da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. entre 2014 e 2015.
Atuou, ainda, no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e no Ministério dos Transportes. Atualmente, ele responde pela presidência da Valec. A estatal federal é responsável pela administração de todas as ferrovias do país.