Ana Viriato
Em uma cerimônia marcada pela ausência dos principais integrantes da coalizão de centro-direita pelos cargos majoritários de 2018, mas com ares de palanque eleitoral, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB/DF) Ibaneis Rocha filiou-se, nesta quarta-feira (08/11), ao PMDB.
A abstenção, na solenidade, de figuras da frente política à qual a sigla integra sinaliza o mal-estar causado pela possível candidatura do advogado ao Palácio do Buriti.
Na lista de ausências, estão os potenciais concorrentes ao Executivo local da prematura coligação Alberto Fraga (DEM), Alírio Neto (PTB), Jofran Frejat (PR) e Izalci Lucas (PSDB).
Segundo alguns deles, em contraste com o posicionamento inflamado de Ibaneis, o qual disse, na data de anúncio da solenidade, que a filiação “é mais um passo importante para que não haja WO”, o presidente licenciado do PMDB e ex-vice-governador, Tadeu Filippelli, não levou à mesa de negociações a perspectiva de um peemedebista entrar na disputa pelo comando do GDF.
Para apaziguar a situação, durante a cerimônia, Ibaneis Rocha afinou o discurso e afirmou que “veio para somar”. “Acredito muito na força do PMDB e dos partidos com quem temos conversado. Vamos construir juntos uma grande unidade em torno de um nome para transformar o DF. Esse nome terá o apoio de todos os homens de bem do DF”, declarou.
Filippelli engrossou o coro. “As interlocuções que tinham começado são as que seguem sendo construídas. Ganha a eleição quem agrega”, destacou.
Se, à frente, houver a ruptura da coalizão, que conta com 10 partidos, Ibaneis deve ser, de fato, o candidato do PMDB ao Palácio do Buriti. Do lado dos pontos negativos, há o fato de o advogado ser pouco conhecido pela população, em uma campanha menor, com apenas 45 dias. Do ponto de vista positivo, destaca-se o fato de ser uma novidade num ambiente de desgastes para os políticos e do poder econômico do ex-presidente da OAB, que pretende investir pesado na própria campanha, vantagens somadas ao longo tempo na tevê e nas rádios do qual dispõem PMDB e PP — este último também controlado por Filippelli.
Integraram a tribuna da solenidade desta quarta-feira o presidente do diretório regional do PMDB, Gustavo Aires; o presidente licenciado da sigla no DF, Tadeu Filippelli; os deputados federais Roney Nemer (PP-DF) e Daniel Vilela (PMDB-GO); o senador Helio José (PROS); o distrital Rafael Prudente (PMDB); e a presidente do PMDB Mulher, Erika Filippelli.
Ausências
Entre as ausências estava o vice-presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz (PMDB). O peemedebista era cotado para integrar como vice a chapa do grupo de oposição a Rollemberg, mas, se Ibaneis for o candidato ao Buriti, o PMDB não poderá lançá-lo sob pena de inviabilizar uma aliança que contemple outros partidos.
Filippelli comentou: “Todos os membros de um partido são insubstituíveis. Política se faz agregando. Ganha eleição quem agrega. Não podemos nos dar ao luxo de perder alguém. Se ele não está aqui hoje, vou atrás amanhã. É a volta do filho pródigo”.
Insatisfeito com a possibilidade de o advogado Ibaneis Rocha ser um dos pré-candidatos da coalizão ao Executivo local, Alírio Neto justificou a ausência com o “rompimento do acordo previamente estabelecido”. “No momento em que ele diz que entrará na disputa para que o governador Rodrigo Rollemberg não ganhe de W.O., desrespeita todos os colegas do grupo. Não acho que tenha sido coerente e, portanto, não havia motovo para comparecer à cerimônia”, atacou o petebista.
Mais ameno, o deputado federal Izalci Lucas alegou que não pôde prestigiar o novo peemedebista devido à agenda do Congresso Nacional. “É um dia cheio, com muitas votações e reuniões entre parlamentares”, pontuou. O tucano disse não estar incomodado com a filiação de Ibaneis Rocha. Ainda assim, deixou claro que a pré-candidatura do advogado não está na mesa de negociações. “Não houve conversas sobre essa possibilidade. Filippelli não conversou sobre fazer alterações no acerto inicial e tal acordo não inclui um candidato do PMDB a majoritária”, ressaltou.
Pré-candidato melhor colocado em pesquisas de opinião, Jofran Frejat mantém o discurso pela união. “Não pude comparecer, porque tinha um compromisso dentário marcado. Ainda assim, para mim, o acordo permanece: o colega melhor colocado nas pesquisas de opinião será o candidato oficial do grupo”, apaziguou.
O deputado federal democrata Alberto Fraga não retornou às ligações da reportagem. Segundo a assessoria dele, não possível comparecer por conta da votação, no Congresso, do pacote de projetos da área de segurança pública.
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