À QUEIMA-ROUPA
Marcelo Portella, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo-DF)
Hoje, a preocupação maior é em relação à saúde da corporação. O que pode ser feito pelo sindicato?
Tivemos na quinta assembleia geral extraordinária do Sindepo, e a pauta principal foi a questão da vacinação destinada à corporação, inclusive com indicativo de paralisação de atividades destinadas às fiscalizações de medidas restritivas de enfrentamento à pandemia. Existe um sentimento natural de descontentamento com o ritmo de aplicação das imunizações, impulsionado pelo alto índice de contaminação nas unidades, inclusive com vários óbitos registrados. Eu mesmo fui acometido pelo vírus, durante o trabalho na delegacia, e posteriormente transmiti para a minha mulher e meu filho. Porém, a categoria, por unanimidade, decidiu pela continuidade integral dos serviços oferecidos. Ressalto que os delegados de polícia e toda a PCDF não paralisaram suas atividades em nenhum momento, ficando muito mais expostos aos efeitos da pandemia.
Como tem sido a conversa com o GDF sobre isso?
O trabalho será no sentido de tentar sensibilizar o GDF acerca da necessidade de, efetivamente, priorizar a vacinação dos servidores da segurança pública, em especial da PCDF, indicando, inclusive, bons exemplos já adotados por outros estados da federação que estabeleceram critérios onde toda a dedicação e o sacrifício dos policiais têm sido reconhecidos.
Quais serão as prioridades da gestão do senhor?
A prioridade em nossa gestão é conquistar o respeito da sociedade e o reconhecimento dos tomadores de decisão acerca da imensa importância da polícia judiciária para a paz social e o desenvolvimento de nossa nação. Existe muito discurso vazio onde se fala em inoperância das forças de segurança, porém devemos ressaltar que na PCDF chegamos a incríveis 90% de resoluções dos crimes de homicídio, índice somente alcançado em pouquíssimas polícias de primeiro mundo. Nenhum crime de repercussão fica sem resposta. Existem pesquisas disponíveis que apontam a PCDF como uma das instituições com maior credibilidade dentro do Distrito Federal. Isso tudo é fruto de muito trabalho e profissionalismo dos delegados de polícia que dirigem a instituição.
Em relação à valorização da PCDF e a recomposições salariais, isso continua na pauta? Haverá cobrança para que, quando possível, o governo ofereça reajuste?
Sabemos das imensas dificuldades impostas pela pandemia, porém talvez não haja no DF qualquer corporação mais prejudicada pela ausência de recomposição salarial do que a PCDF. Sempre fomos paradigma para o Brasil na questão de estrutura e excelência nas investigações, mas o salário do delegado de polícia da PCDF está hoje mais baixo do que o praticado em cerca de 15 estados da federação, e essa situação não é aceitável. O DF é sede das Embaixadas, Congresso Nacional, de todos os Tribunais Superiores e do imenso Poder Executivo federal. Não podemos baixar a guarda contra o avanço do crime organizado que nunca conseguiu se estabelecer na capital em decorrência dos trabalhos da PCDF desenvolvidos em investigações complexas. A luta pela paridade com a Polícia Federal é questão de honra e justiça para toda a categoria.