Gutemberg Fialho: “Três em cada quatro médicos da cidade não foram vacinados”

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ANA MARIA CAMPOS

À Queima Roupa

Gutemberg Fialho
Presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal

Como está a vacinação entre os profissionais de saúde?
Só foram vacinados profissionais da rede pública e empregados dos hospitais privados que estão no enfrentamento da covid-19. Três em cada quatro médicos da cidade não foram vacinados. Essa desproporção é ainda mais grave quando se estende aos demais trabalhadores da saúde.

Quem não conseguiu ainda ser imunizado?
Quem atua em clínica privada, consultórios e ambulatórios particulares não foi vacinado, médicos da Subsaúde, da Secretaria de Economia e de outros órgãos públicos. Aí você tem uma multidão de médicos, enfermeiros, técnicos, dentistas, fisoterapeutas, enfim, profissionais das 14 profissões da saúde e ainda os trabalhadores que atuam nesses serviços em atendimento aos pacientes – todos previstos para a vacinação na primeira fase, de acordo com o Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 do Ministério da Saúde.

Acredita que o lockdown e o toque de recolher são medidas eficientes?
Quando as políticas públicas adotadas são eficientes, as medidas restritivas são desnecessárias. Quando não são eficazes, não se faz a necessária conscientização da população para respeito ao distanciamento social e outras medidas sanitárias que precisam ser observadas e quando se observa os exemplos do comportamento da pandemia ao redor do mundo, chega-se à situação em que as medidas restritivas tornam-se necessárias. O ideal é não deixarmos chegar a esse ponto novamente. Em setembro passado, quando a imprensa mostrava a segunda onda na Europa, eu já apontava que era precoce o fechamento de leitos de Covid-19 e a desmobilização do hospital de campanha.

Qual na sua opinião deve ser a ordem de prioridades?
A prioridade número um é acelerar a aquisição e a aplicação das vacinas. Depois garantir os insumos, como equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde, leitos hospitalares, oxigênio e insumos em quantidade adequada para assistência aos pacientes. Além disso, fazer campanha permanente de esclarecimento para a população respeitar o distanciamento social e as demais medidas sanitárias indicadas e ser mais rígido na fiscalização das aglomerações.

Por que a segunda onda veio tão forte?
Já era esperado que a segunda onda fosse tão severa ou pior que a primeira. O noticiário mostrava isso na Europa enquanto estavam desmobilizando o hospital de campanha e os leitos covid aqui. A insuficiência de leitos torna tudo mais grave. Também ocorreu um relaxamento exagerado das medidas de distanciamento social.

Já há elementos para confirmar que o vírus está mais letal?
O surgimento de novas cepas, como a variante de Manaus, mostra uma maior velocidade de contaminação, maior comprometimento do organismo, recuperação mais lenta e a mudança do perfil etário atingido pelo vírus, agora a população mais jovem. Quanto maior a velocidade de contaminação, maior a demanda por leitos, oxigênio, EPIs e outros insumos necessários à assistência. Nos preocupam especulações sobre eventual falta de oxigênio.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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