Integrantes de entidades do setor produtivo têm reunião amanhã (16/03) com o secretário de Economia do DF, André Clemente, para avaliar os impactos na economia do Distrito Federal provocados pelo surto do novo coronavírus e das medidas restritivas anunciadas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
Devem participar da reunião dirigentes da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Federação das Indústrias do DF (Fibra) e de sindicatos de empresas.
André Clemente, que tem participação do grupo de gestão de crise, vai detalhar as medidas definidas nos últimos dias, como os decretos editados hoje (15/03).
Entre as medidas, estão o fechamento de academias, o depósito em dinheiro para que as crianças fora da escola possam se alimentar, e o bloqueio do passe-livre no transporte público, enquanto durar o período de suspensão das aulas. A princípio, será por 15 dias a contar a partir desta segunda-feira (16/03).
Câmara
Nas medidas para conter a crise, Ibaneis vai precisar da ajuda dos empresários e dos deputados distritais. Um projeto de Ibaneis estabelece alíquota de 7% para produtos essenciais no combate à disseminação do coronavírus.
São eles: álcool em gel (exceto energia elétrica), luvas médicas, máscaras médicas, hipoclorito de sódio 5%, álcool 70%. Hoje a alíquota do ICMS para esses produtos é de 18%.
Clemente também listou nove projetos de lei considerados estratégicos para a normalidade administrativa e para a economia do DF que tramitam na Câmara Legislativa.
O pedido de urgência foi encaminhado ao vice-presidente da Casa, deputado Rodrigo Delmasso (Republicanos). “Temos que manter os serviços públicos em funcionamento, a máquina andando, com fornecedores e servidores recebendo e o setor produtivo sem prejuízos, enquanto reduzimos o convívio social para barrar a transmissão do coronavírus”, afirma Clemente.
Em vídeo, o governador Ibaneis Rocha falou sobre os impactos da crise de saúde mundial na economia do DF. Disse que o BRB vai liberar R$ 1 bilhão em linha de crédito para o setor produtivo. “Esse dinheiro será colocado em favor do comércio, de todos aqueles empreendedores para que possamos superar essa crise, com taxas reduzidas e com prazo de carência de até 6 meses nas operações”, destacou.
Comitê de emergência
As consequências do decreto com ações para evitar a disseminação em massa do coronavírus preocupam os dirigente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF).
A entidade montou um comitê de emergência para discutir os impactos do coronavírus e das medidas do governo para o setor. “Os setores mais afetados até agora são o de serviços e o de hotelaria”, revela Francisco Maia, presidente da entidade.
De acordo com ele, o cancelamento em massa de eventos pelos próximos 90 dias já provocou uma queda de 50% na taxa de ocupação de alguns hotéis da capital. “Eu mesmo tive um prejuízo de R$ 120 mil só este fim de semana com cancelamento (e devolução do dinheiro) de reservas para o concurso público que foi cancelado”, exemplifica Maia, que é proprietário dos hotéis Bristol e Casa Blanca.
Na reunião desta segunda-feira, representantes da Fecomércio pretendem apresentar 10 itens com sugestões de medidas para proteger os empresários.
Maia não quis adiantar todas elas porque ainda não estão aprovadas. Mas destacou duas das propostas. “Uma das medidas pode ser o parcelamento de impostos. A outra, uma linha de crédito no BRB para segurar a folha de pagamento para que não haja demissões”, diz.
Apesar da preocupação, Maia considera acertada a decisão do governador em proibir eventos com aglomerações, fechar escolas, e estabelecer normas para funcionamento de bares e restaurantes, por exemplo. “Eu não posso dizer que foram (decretos) precipitados. Todos os países estão fazendo o mesmo. Não critico. Um infectologista que participou da nossa reunião ontem (sexta-feira) disse que o pico da doença será daqui a 30 dias. Mas não podemos pagar a conta sozinhos”, ressalta Maia.
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