Governo enfrenta momento crítico nas forças policiais, com embate entre PMs e civis

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A crise na segurança pública atingiu o momento mais crítico desde que o governador Rodrigo Rollemberg assumiu o poder, com riscos de confrontos perigosos entre policiais civis e militares nas ruas de Brasília. O embate é evidente nas redes sociais, nos bastidores e revelados abertamente em reuniões. PMs atacam policiais civis e vice-versa e as duas corporações criticam a secretária de Segurança e Paz Social, Márcia de Alencar. Uma nota da Casa Civil no início da noite de ontem deixou a situação ainda mais tensa. O texto reconhece, mesmo que indiretamente, que policiais e bombeiros militares passaram a reivindicar reajustes salariais a partir da negociação deflagrada pelo GDF com os sindicatos da Polícia Civil. Pela nota, o governo também retira a proposta de reajustes por conta da alegada radicalização de policiais civis. Na categoria, foi uma demonstração de que Rollemberg sempre cede à PM em detrimento dos colegas nas delegacias. Na avaliação de representantes de todas as forças, quem comanda a segurança pública é o coronel Cláudio Ribas, chefe da Casa Militar. E ele tem lado: a Polícia Militar.


Do lado dos colegas
A nota da Casa Civil foi respondida com uma manifestação da direção-geral da Polícia Civil também em nota. O recado foi de respeito à decisão dos servidores da instituição, deliberada em assembleia, de paralisar suas atividades por 48 horas, mesmo sem encerrar o diálogo com o governo. Em outras palavras, Eric Seba deixou claro que não vai tomar partido contra sua classe.


Pressão total
Entre integrantes da direção-geral da Polícia Civil, já se fala em demissão coletiva nos cargos de comando, caso Eric Seba deixe o governo. Nas reuniões da PCDF, ele sempre defende o ponto de vista do governador Rodrigo Rollemberg, mas tem sido pressionado pelos colegas, principalmente pela avaliação interna de que a PM tem invadido o trabalho de policiais civis em investigações e agora também na campanha salarial.


Esquentando a crise
Em meio ao acirramento do debate da campanha salarial dos policiais civis, a secretária de Segurança Pública e Paz Social, Márcia de Alencar, jogou gasolina na fogueira. Em duas reuniões, no início da semana, ela disse que agentes e delegados não fariam falta no trabalho de segurança dos Jogos Olímpicos porque essa atribuição é da Polícia Militar. Como consequência, agentes do Departamento de Operações Especiais (DOE) e da Divisão de Operações Aéreas (DOA) se retiraram ontem do trabalho nos hotéis onde estão alojadas as delegações estrangeiras que vieram para as partidas de futebol.


Tiros no Buriti
O tiroteio da segurança pública não é o único. O governador Rodrigo Rollemberg decidiu abrir um canal de negociação com a Polícia Civil contra a recomendação da Secretaria de Fazenda e dos técnicos em orçamento que temem um colapso. O grande defensor da abertura do diálogo é o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, mas a posição dele tromba com a do chefe da Casa Militar, Cláudio Ribas, segundo a qual a PM precisa também ser contemplada. Um aumento para todas as forças de segurança inviabiliza o debate. É abraço de afogados.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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