Eixo Capital // Por Ana Maria Campos
A venda da CEB Distribuição vai abastecer o caixa do GDF com R$ 2 bilhões. É muito dinheiro. O negócio, fechado, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo, estabelece o pagamento dos R$ 2,51 bilhões oferecidos pela Neoenergia numa tacada só, no início de 2021, assim que a operação receber o aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O dinheiro vai para a holding que dividirá os dividendos entre os acionistas. O GDF detém 80% das ações e, portanto, fica com essa fatia da bolada.
Queima de patrimônio
A CEB queimou muito patrimônio antes de privatizar o setor de distribuição. Um dos últimos negócios foi a venda para a Terracap de um terreno no Noroeste com 280 mil metros quadrados, quase o tamanho do bairro inteiro. Na operação, a CEB faturou R$ 319 milhões. A Terracap prepara um novo empreendimento imobiliário na área e vai lucrar com a licitação dos lotes.
Escuridão
A pandemia prejudicou a CEB Distribuição. Por causa da crise, 230 mil consumidores estão inadimplentes na conta de luz. Um prejuízo de mais de R$ 100 milhões. Uma saída oferecida pela empresa é o Recupera-DF, com parcelamentos ou pagamento à vista sem juros.
De olho na eleição
A oposição sabe que a entrada de R$ 2 bilhões no caixa administrado por Ibaneis Rocha significa um reforço na popularidade do governo. Mais obras, mais investimentos, mais sensação de presença do Estado.
Uma ajuda para a reeleição
O momento não poderia ser mais propício em termos políticos. Depois de um ano difícil, triste por conta da pandemia, 2021 é a preparação para a disputa eleitoral. O governador Ibaneis Rocha (MDB) terá à disposição recursos bilionários para investimentos. “Infraestrutura e melhores serviços à comunidade”, afirma Ibaneis sobre a destinação dos recursos.
Cada lance, um viaduto
Cada lance no leilão de ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo, na venda da CEB Distribuição, era comemorado. Cada nova oferta aumentava o montante do negócio em R$ 15 milhões. “A cada lance, a gente dizia que era um novo viaduto”, brinca um integrante do governo que acompanhou o leilão.
A pergunta que não quer calar….
Se o ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tivesse aceitado privatizar empresas, o resultado da eleição de 2018 seria outro?
Só papos
“Se o presidente da República pode ser reeleito uma única vez — corolário do princípio democrático e republicano — por simetria e dever de integridade, este mesmo limite deve ser aplicado aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal”
Nunes Marques, ministro do STF
“É uma vergonha esse acordo de parte do STF com parte do Congresso Nacional para permitir a reeleição dos presidentes do Senado e da Câmara. Não é correto e não é coisa de país sério. A CF é clara no seu art. 57, parágrafo quarto, proibindo. Não há margem para discussão. Uma vergonha! Meu voto é contra!”
José Antônio Reguffe (Podemos-DF), senador