À Queima-Roupa com o advogado Everardo Gueiros, ex-desembargador eleitoral do TRE-DF
Por Ana Maria Campos
“Acredito firmemente que os advogados de todo o país acolheriam com entusiasmo a oportunidade de eleger diretamente seu presidente”
O senhor tem defendido eleições diretas para a presidência do Conselho Federal da OAB. Por que essa é uma forma mais correta de eleger o presidente?
Nós vivemos em uma democracia onde todo poder deveria emanar do povo. A eleição direta na OAB deveria refletir isso nas suas estruturas, promovendo assim maior transparência e participação da classe. O que pensar de uma instituição onde não se pode escolher o seu presidente?
Nas seccionais, a eleição é direta. Acha que o modelo em vigor funciona?
O modelo de eleições diretas nas seccionais tem se mostrado eficaz, proporcionando uma conexão direta entre os advogados e seus representantes. Acreditamos que a mesma lógica democrática que tem funcionado bem nas seccionais pode ser estendida a nível federal.
Acredita que haveria adesão do eleitorado em todo o país para eleger o presidente?
Certamente! A advocacia brasileira é composta por profissionais altamente engajados e conscientes de sua responsabilidade social. Acredito firmemente que os advogados de todo o país acolheriam com entusiasmo a oportunidade de eleger diretamente seu presidente.
Por que o tema voltou à baila?
Existe uma crise de representatividade em relação ao presidente que aí está. A maioria dos advogados sentem que suas vozes não são ouvidas. Vemos diariamente nossas prerrogativas serem desrespeitadas. Por isso, estamos em um momento crucial para evoluirmos e fortalecermos a nossa instituição.
Acredita que terá apoio no Congresso?
Acredito que sim. O Brasil nos últimos tempos tem vivido momentos onde o nosso estado de direito e a nossa democracia têm sido constantemente desafiados. Nesses momentos, precisamos avançar nos aspectos de governança democrática com mais participação e transparência.
O senhor vai concorrer? A qual cargo?
Minha prioridade no momento é continuar lutando por uma OAB mais democrática e representativa. Enquanto as regras atuais impõem limitações sobre como podemos expressar nossas críticas e propostas, estou comprometido em trabalhar para promover as mudanças necessárias. Se surgir a oportunidade de concorrer a um cargo que permita defender essas ideias, certamente, considerarei essa possibilidade com seriedade e entusiasmo.
Seu antigo grupo tem um candidato, Cleber Lopes, que é o nome apoiado pelo governador Ibaneis Rocha. Como o senhor se posiciona nesse cenário?
O governador Ibaneis tem uma trajetória respeitável como ex-presidente da OAB e tem cumprido suas obrigações legais ao se afastar das funções de advogado enquanto exerce seu cargo no Executivo. A OAB deve sempre se manter apartidária e independente, focada em defender os interesses dos advogados e da sociedade civil.