Empresários de Taguatinga e representantes do setor produtivo da capital federal se reuniram com a presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Anilcéia Machado, para tratar da liberação do Centro Administrativo de Brasília (Centrad). Inaugurado em dezembro de 2014, o complexo de edifícios às margens da Avenida Elmo Serejo ocupa uma área de 182 mil metros quadrados, com capacidade para abrigar 10% dos 130 mil servidores públicos distritais.
Logo que assumiu o Palácio do Buriti, o governador Ibaneis Rocha anunciou a intenção de ocupar o espaço. A transferência de parte da burocracia do DF para o local estava prevista para abril, mas o Ministério Público de Contas entrou com uma representação questionando o uso da estrutura. O Centrad foi construído por um consórcio formado por Odebrecht e Via Engenharia, com financiamento de bancos como Santander e Caixa Econômica Federal.
O Tribunal de Contas deu prazo para manifestação do governo, mas rejeitou a liminar requerida pelo MP de Contas para impedir a mudança de parte do GDF para o Centrad. O processo tramita de forma sigilosa no TCDF. O Ministério Público de Contas questionou a mudança sem um prévio planejamento e considerou que, neste momento, acarretaria um prejuízo aos cofres públicos.
O presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do DF (Codese), Paulo Muniz, participou do encontro e defendeu a liberação do Centrad. “É fundamental que a gente supere esse assunto, para garantir o desenvolvimento de toda aquela região de Taguatinga, Ceilândia e Águas Claras”, explicou. “Isso também é importante para que o DF volte a receber financiamento de instituições como a Caixa Econômica Federal”, explicou.
A administradora de Taguatinga, Karolyne Guimarães, entregou ofício à presidente do Tribunal de Contas, conselheira Anilcéia Machado, pedindo a tramitação urgente do processo relativo ao Centro Administrativo. “A liberação do Centrad, além de trazer diversos benefícios para Taguatinga e região, também é o indicativo para resolver os problemas de Brasília quanto aos investimentos. A Caixa Econômica Federal é um dos financiadores do empreendimento do Centro Administrativo e travou a liberação das verbas ao GDF, caso não haja uma resolução na situação do empreendimento”. No ofício, a administradora de Taguatinga também destaca que a transferência terá impacto positivo para regiões vizinhas, como Ceilândia, Águas Claras, Vicente Pires e Samambaia.
Corrupção
A ocupação do Centrad é controversa, já que investigações apontam um esquema de corrupção na construção do espaço. No ano passado, um grupo de trabalho do GDF recomendou a nulidade do contrato de concessão firmado com o consórcio responsável pela obra.
Segundo acordo de leniência da Andrade Gutierrez, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Operação Lava-Jato, houve a divisão das maiores obras de Brasília entre as principais empreiteiras do Brasil. Para evitar disputas em licitações, o mercado se adequou. Entre as negociações, estariam, ainda, o Estádio Nacional Mané Garrincha, o BRT Sul e o Setor Habitacional Jardins Mangueiral.
Para concluir a transferência dos servidores para o Centrad, ainda há muitas pendências. O governo terá de lançar licitação para a compra do mobiliário, como mesas, cadeiras, divisórias e armários, com custo estimado de R$ 300 milhões. O GDF ainda estuda soluções de tecnologia da informação para ocupação do espaço.