Os escândalos políticos se sucedem no Distrito Federal e muitos personagens se repetem. Rodrigo Lopes, um dos delatores da empreiteira Andrade Gutierrez, detalhou aos investigadores da Lava-Jato as diferentes formas do suposto pagamento de propina ao ex-vice-governador Tadeu Filippelli. Segundo ele, um dos repasses teria ocorrido por meio de uma negociação simulada entre a Andrade Gutierrez e a firma de marketing AB Produções, do empresário Abdon Bucar (foto) – citado nas investigações da Operação Caixa de Pandora.
Filmagens de obras
De acordo com o delator, por determinação de Filippelli, a construtora fez um contrato falso de R$ 1,68 milhão, para que a produtora supostamente fizesse filmes das obras do BRT Gama e do Estádio Nacional Mané Garrincha. O delator entregou cópias dos contratos simulados, notas fiscais e documentos bancários relacionados a esse acerto. Procurado pela coluna, Abdon Bucar afirmou não ter conhecimento do conteúdo das delações e disse que não poderia comentar as declarações do ex-executivo da empreiteira.
Citação na Pandora
Abdon Bucar foi citado na operação Caixa de Pandora, depois de aparecer em um vídeo gravado pelo delator do esquema, Durval Barbosa. Na conversa, Abdon cita um pagamento de R$ 750 mil por serviços prestados ao PFL, hoje DEM, e menciona um depósito sem lastro de de R$ 1 milhão em sua conta. Para justificar a origem do dinheiro, ele conversa com Durval sobre “esquentar nota”. O empresário havia feito a campanha do ex-governador José Roberto Arruda, em 2006. Em 2010, Abdon prestou serviços ao PMDB do Distrito Federal. Segundo o delator da Andrade Gutierrez, os pagamentos feitos à AB Produções ocorreram em 2011. Os investigadores querem saber se os contratos falsos foram para cobrir gastos eleitorais não declarados.