Eleições de 2020 indicam o fim da onda outsider

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Coluna Eixo Capital/Por Ana Maria Campos

Qual foi o recado das urnas para a eleição de 2022 no Distrito Federal? Se a fotografia do momento atual se repetir, a busca por novidade não será o mote, como há dois anos, quando um neófito na política se elegeu governador, o advogado Ibaneis Rocha (MDB). Venceu com um discurso de renovação, de outsider, que não pegou na disputa municipal.

Políticos tradicionais ou prefeitos já no mandato, em geral, tiveram mais sucesso. Exemplos: em Goiânia, ganhou o ex-senador Maguito Vilela (MDB — E), do grupo político de Íris Rezende. Em Salvador, venceu Bruno Reis (DEM), apoiado por ACM Neto. No Rio, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM — D) voltou ao poder, detonando a reeleição de Marcelo Crivella (Republicanos), o pupilo de Jair Bolsonaro. José Sarto (PDT) levou em Fortaleza, com uma força de Ciro e Cid Gomes. Em São Paulo, o tucano Bruno Covas (C) confirmou o poderio do PSDB no estado.

Reeleição venceu

Dos 13 prefeitos que disputaram um novo mandato, 10 tiveram êxito. Apenas três foram derrotados. Além de Crivella, Socorro Néri (PSB) perdeu em Rio Branco no segundo turno. Apenas um, Nelson Marquezan Júnior (PSDB), perdeu ainda no primeiro turno.

Polêmica até o fim no Judiciário do Rio

No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, venceu a eleição para a Presidência o desembargador Henrique Figueira. O magistrado teve 95 votos. O adversário, Bernardo Garcez, corregedor-geral da Justiça do Rio, conquistou 78 votos. Houve quatro votos nulos. Foi uma guerra.

Garcez foi até alvo de uma representação de um advogado por suposta apologia ao nazismo, na última sexta-feira, a três dias da eleição. Garcez atribui o episódio a um ataque contra sua candidatura ao comando do Judiciário. Desde que assumiu a corregedoria, o magistrado desagradou servidores e juízes pelo trabalho de fiscalização.

Ele é acusado de extrapolar os limites da investigação. O magistrado tem a simpatia do presidente Jair Bolsonaro, que o recebeu no Palácio do Planalto na semana passada. Mas tantas polêmicas praticamente sepultaram sua chance de presidir o tribunal, já que ele completa 75 anos em 2023.

A candidatura à Presidência subiu no telhado

De juiz símbolo do combate à corrupção que abriu mão da magistratura a ministro da Justiça e Segurança Pública de um governo que enterrou a Lava-Jato… Agora, Sergio Moro aceita trabalhar para empresas que foram alvo de suas sentenças, Odebrecht e OAS.

Pelo Twitter, ele justificou: “Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez&Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”. Mas vai ficando difícil para Moro virar candidato a presidente. Jair Bolsonaro agradece.

Onde está o vírus?

Depois de nove meses de pandemia e distanciamento social, as pessoas estão cansadas. Mas o novo coronavírus está circulando. Não há trégua. O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, justificou, ontem, o aumento na taxa de transmissão da doença, apurado no fim de semana:

“Foi um relaxamento por parte da população. Percebemos uma grande quantidade de jovens em bares e estabelecimentos, compartilhando itens”. Para o coordenador do Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (PrEpidemia), Paulo Angelo Alves Resende, o mais importante é descobrir onde estão os focos de contaminação. “Hoje, ninguém sabe onde as pessoas estão pegando, se pega em casa, se pega no metrô, se pega no ônibus ou nos restaurantes”, disse.

Uma geração de políticos se despede

A morte do ex-secretário de Saúde Jofran Frejat é mais um capítulo do fim de uma geração de políticos que fez história na política de Brasília e teve como principal expoente o ex-governador Joaquim Roriz. Ele morreu há dois anos, depois de uma importante trajetória na cidade. Foi o primeiro governador eleito, o único reeleito, exerceu quatro mandatos. Coisa que dificilmente será repetida.

Desde então, morreram também o advogado Eri Varella, que representou Roriz em várias ações judiciais, o maior conselheiro do ex-governador, Benjamin Roriz, e o ex-deputado distrital Odilon Aires, que presidiu o PMDB, hoje o MDB. Agora o DF perdeu uma das maiores referências na saúde, Jofran Frejat. Foi membro da Assembleia Nacional Constituinte, exerceu cinco mandatos de deputado federal e por pouco não virou governador.

Só papos

“O Flavio Dino resolveu não apoiar ninguém no primeiro turno. Foi votar com camiseta ‘Lula Livre’. Eles perderam um pouco a noção da realidade. Ganhou essa eleição quem soube interpretar a realidade do país com humildade”

Ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional Ciro Gomes, sobre o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB)

“Não responderei a Ciro Gomes. Por duas razões: primeiro, tenho respeito e apreço. Segundo, é a minha contribuição para que o campo nacional-popular caminhe unido. Não me cabe acirrar conflitos desnecessários”

Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB)

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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