“Ele vai procurar o padre pessoalmente”, diz executivo da OAS, em grampo, sobre depósitos à Paróquia São Pedro

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A prisão do ex-senador Gim Argello colocou no alvo da Lava Jato um dos padres mais influentes e conhecidos de Brasília. Moacir Anastácio comanda a Paróquia São Pedro, em Taguatinga, e reúne  anualmente milhões de fiéis na Festa de Pentecostes. Segundo investigações da força-tarefa, a empreiteira OAS depositou R$ 350 mil na conta da paróquia, a pedido do ex-senador. Em interceptações autorizadas pela Justiça,  um executivo da OAS afirma que procuraria “o padre pessoalmente” para tratar sobre a transferência de recursos. Na tarde desta terça-feira, a Arquidiocese de Brasília deve se manifestar sobre o caso.

Gim é acusado de cobrar propina de R$ 5,3 milhões para impedir a convocação de empreiteiros na CPI da Petrobras. Em 14 de maio de 2014, data da instalação da comissão parlamentar de inquérito no Senado, o empreiteiro José Adelmário, da OAS, mais conhecido como Leo Pinheiro, trocou mensagens com executivos da empresa. A conversa foi citada pelo juiz Sérgio Moro na decisão em que aceitou o pedido de prisão de Gim Argello.
“Dilson,

Preciso atender uma doação:

Para: Paroquia São Pedro

CNPJ 00.108.217/0079-80

C/C 01609.7

Agência: 8617

Bco: Itaú

Valor $350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais)

Centro de custo: Obra da Renest (Refinaria Abreu e Lima)

Projeto Alcoólico

www.paroaquisaopedro.com.br

Endereço QSD AE 25 Setor D Sul – Taquatinga DF.”

Segundo o juiz Sérgio Moro, “a mensagem significa o pagamento de R$ 350 mil para conta de Igreja por solicitação de Gim Argello, com o custo sendo suportado pelos contratos da OAS junto à Refinaria do Nordeste Abreu e Lima”, afirmou o juiz Sérgio Moro. Dois dias depois da abertura da CPI da Petrobras, Leo Pinheiro cobrou diretores da empresa sobre o depósito à paróquia.

“José Adelmário: Já foi feito o depósito da Igreja?

Dilson: Dr. Leo. Ainda não. Conversei pessoalmente com o Roberto Zardi ontem. Ele vai procurar o padre pessoalmente.”

“Dilson: Já está marcada a conversa para hoje.

José Adelmário: Ok.”

O Ministério Público afirma que não há provas de que a igreja sabia que o dinheiro era irregular. “Não há indicativo de que a paróquia tenha participado do ilícito ou de que tivesse conhecimento da origem ilícita dos valores”, afirma a Procuradoria em comunicado. A Lava Jato vai investigar, entretanto, se igreja foi usada para lavagem.  “Vamos verificar se há influência de pessoas da Paróquia em campanhas de Gim”, afirmou o procurador da República Athayde Ribeiro.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

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Helena Mader

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