Fritura: Diretor de Comunicação da Polícia Civil começou a cair por criticar a PM

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ANA MARIA CAMPOS

Com a exoneração assinada para ser publicada nesta terça-feira (16/05) , o delegado Miguel Lucena começou a cair do comando da comunicação da Polícia Civil há 40 dias, quando atacou a Polícia Militar nas redes sociais. O comentário sobre estupro de crianças que tanta controvérsia causou na rede de WhatsApp de informações para jornalistas foi a pá de cal.

Ao ler a reportagem do Estadão sobre as declarações de Lucena que indiretamente culpa a mãe por colocar em casa um padrasto potencial abusador, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ficou irritado. E questionou com assessores: “De novo?”.

Rollemberg estava incomodado desde que Lucena postou em seu perfil  no Facebook, em abril, o que muita gente considerou ser uma provocação a policiais militares: “A Polícia Civil acaba de desmantelar o PCC por meio de repressão qualificada, investigações profundas e técnicas. Quem perde tempo correndo atrás de pebas é cachorro”.

Nesse episódio, até mesmo o discreto secretário de Segurança Pública e Paz Social, Edval Novaes, criticou, em entrevista ao Correio, a postura de Lucena. No governo, havia a expectativa de que Eric Seba demitiria o chefe da comunicação. Mas ele garantiu que Lucena não faria mais comentários polêmicos.

Assim que soube nesta segunda-feira da nova controvérsia, Rollemberg entrou em contato com Seba. O diretor da Polícia Civil já havia comunicado a integrantes do Palácio do Buriti que faria a exoneração. Em seguida, confirmou a Rollemberg: Lucena estava fora.

A rede de WhatsApp da Polícia Civil para pautas e avisos de coletivas foi criada pelo próprio Lucena. Ele assumiu o cargo no ano passado no lugar do delegado Paulo Henrique de Almeida, que comandou a comunicação da Polícia Civil quando Jorge Xavier estava na direção-geral.

No grupo, que contava com mais de 250 integrantes, Lucena dava detalhes sobre casos de interesse jornalístico. Mas também emitia opiniões sobre alguns temas, sempre ressaltando que não estava ali falando em nome da Polícia Civil. O debate começou nesta tarde quando ele fez um comentário sobre o caso de uma criança de 11 anos estuprada pelo marido da mãe: “As crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”.

Miguel Lucena está longe de ser unanimidade na Polícia Civil. Ele enfrenta resistências de adversários de Seba e também de delegados neutros nesta disputa. Mas sempre teve a confiança de Seba.

Sobre a crise que originou sua fritura, Lucena nega que tenha atacado a PM. E diz que, na verdade, saiu em defesa da Polícia Civil. “Supõem que ataquei (a PM). Na verdade, eu defendi a Polícia Civil da acusação de ser composta por balconistas. Critiquei o deslocamento de efetivo da PM do policiamento ostensivo para as investigações”, afirma Lucena.

Ao Correio, Seba justificou a exoneração: “Preciso recompor a zaga. Não dá para aceitar certas atitudes”. Com tantos problemas provocados pelas dificuldades de negociação pela paridade de salários de policiais civis com a Polícia Federal, Seba não quer precisar administrar mais um, logo na comunicação.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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