“Deve-se respeitar a vontade da comunidade acadêmica”, defende Fátima Sousa sobre escolha de reitor da UnB

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À QUEIMA-ROUPA // Professora Fátima Sousa

Ex-diretora da Faculdade de Ciências Médicas e candidata à reitoria da UnB na última eleição

A senhora já recusou receber uma comenda por protesto político. Aceitaria algum gesto de homenagem do governo Jair Bolsonaro?
A comenda do Mérito Oswaldo Cruz em seu padrão Ouro, quando me foi outorgada pelo governo brasileiro, significou uma grande honra e o reconhecimento a um trabalho que tenho desenvolvido por toda minha vida ao lado de outras pessoas que defendem a saúde pública brasileira e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Na ocasião, senti-me grata, porém, não fiquei à vontade para receber a comenda das mãos do então presidente Michel Temer. Agora, não vejo nenhuma motivação para o governo me homenagear.

Existe algum apoio político para a sua nomeação como reitora da UnB?
Meu maior legado político na UnB são os 4.443 votos ao nosso coletivo representado por mim e pela professora Elmira Simeão. Desconheço qualquer outro apoio político. Cumprimos nossa tarefa apresentando à comunidade o projeto de uma UnB com autonomia, gestão democrática, participativa e humanizada. Defendo a excelência acadêmica, com integração e descentralização dos campi, aberta à diversidade humana e à inclusão social, sobretudo, uma universidade saudável e sustentável.

Qual, na sua avaliação, deve ser o critério para nomeação do reitor ou reitora?
Primeiro, deve-se acabar com a excrescência da lista tríplice, coisa que nenhum governo ousou fazer. E ainda deve-se respeitar a vontade da comunidade acadêmica, prezando pelo aprofundamento da democracia e pelo respeito aos votos obtidos em consultas públicas. Sou contra a lista tríplice, ainda mais quando inclui pessoas que, sequer, participaram do pleito, mostrando suas propostas à comunidade.

O que a comunidade acadêmica deseja neste momento do país?
Desejamos a revogação da Emenda Constitucional 95/2016 e, por consequência, o fim dos cortes no orçamento público das universidades, com maior investimento na educação, ciência e cultura e valorização dos servidores públicos.

O que a senhora defende para a UnB?
Defendo para a UnB o que tenho defendido em toda minha trajetória. Princípios que também estavam em minha campanha à reitoria: empatia na gestão de pessoas; uma universidade promotora de saúde; informação, comunicação com acesso ao conhecimento para todos; arte, cultura e educação para a inclusão social; transparência e orçamento participativo; sustentabilidade; preservação da memória e do patrimônio e o fortalecimento das relações internacionais para a promoção da cultura da paz e a ciência cidadã.

Sobre o GDF, pensa em concorrer novamente?
Estarei sempre à disposição do meu partido para tarefas que sejam compatíveis com a minha capacidade de contribuir coletivamente, respeitando a coerência e a ética na política.

E na saúde, sua especialidade? O que faria diferente nesses tempos de pandemia?
Adotaria uma coordenação única de informação à comunidade, mostrando a real situação da pandemia; massificaria os testes para toda população de risco; monitoraria os casos confirmados; não permitiria a abertura das escolas, universidades e espaços públicos; defenderia mais rigor no distanciamento social e uso de máscaras como medida preventiva; garantiria renda mínima às famílias vulneráveis; e protegeria os profissionais com uma nova forma de gestão dos serviços de saúde.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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