ISA STACCIARINI
Dos 10 presos na Operação Panatenaico, sete pleiteiam sair antes do prazo dos cinco dias da prisão temporária – que termina no sábado. A defesa da maioria dos acusados entrou com pedido de revogação da prisão na 10ª Vara Federal. Só ainda não solicitaram a liberdade até a tarde desta quinta-feira (25/5) o ex-governador Agnelo Queiroz (PT); o operador dele, Jorge Luiz Salomão, e o ex-secretário da Copa Francisco Cláudio Monteiro. Antes de decidir se aceita ou não a solicitação dos advogados, o juiz Vallisney de Souza Oliveira pediu manifestação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Com isso, uma posição só deve sair entre esta sexta-feira (26/5) ou sábado (27/5), às vésperas do prazo final da prisão. A PF deve se manifestar pela rejeição de todos os pedidos de soltura antecipada.
A titular da Delegacia de Inquéritos Especiais da Polícia Federal (Deleinque), Fernanda Costa de Oliveira, está concentrada em responder a solicitação da Justiça Federal e embasar a justificativa pela permanência na prisão. Até a tarde desta terça, ela tinha recebido seis pedidos e havia respondido três.
Estão encarcerados desde terça-feira na Superintendêcia da Polícia Federal os ex-governadores Agnelo e José Roberto Arruda (PR) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), além da ex-presidente da Terracap Maruska Lima de Souza Holanda; do ex-presidente da Novacap Nilson Martorreli; do dono da Via Engenharia, Fernando Márcio Queiroz, e dos supostos operadores de Arruda e Filippelli, Sérgio Lúcio Silva de Andrade e Afrânio Roberto de Souza Filho.
O inquérito investiga a participação dos investigados em um milionário esquema de corrupção na construção do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Eles são acusados da participação no esquema que causou aos cofres da Terracap um rombo de R$ 1,3 bilhão. Estima-se que o superfaturamento da arena tenha sido de R$ 900 milhões. Inicialmente orçado em R$ 600 milhões, o Mané Garrincha custou, ao todo, R$ 1,575 bilhão: o mais caro do planeta, segundo a consultoria KPMG, atrás, apenas, de Wembley, em Londres.
O advogado de Agnelo, Paulo Guimarães, confirmou que até a tarde de quinta-feira a defesa não havia pedido a liberdade preventiva do petista. “Nós estamos acompanhando o inquérito e esta matéria está em análise”, defendeu. Ele destacou que a família tem dado “toda assistência de utensílios necessários a permanência dele na carceragem”, como lençóis, e alegou que a inocência dele será “demonstrada nos autos”.
Já a defesa de Arruda explicou que, embora abalado, o ex-governador está tranquilo, uma vez que “confia nos esclarecimentos de que ele não teve participação alguma nessas irregularidades”. Segundo o advogado Paulo Emílio Catta Preta, o procedimento do magistrado em ouvir o MPF e a PF antes de decidir pela revogação ou não da prisão é comum. “Nós pedimos aquilo que entendemos como correto e que as normas jurídicas autorizam. O objetivo dessa prisão é justamente garantir as investigações no momento em que há deflagração da operação e isso já aconteceu. Por isso, não havia razões e necessidade de aguardar os cinco dias”, defendeu. O advogado de Filippelli, Alexandre Queiroz, se limitou a dizer que “está aguardando o resultado do trabalho” e, por isso, destacou que não vai comentar mais o caso. “Prefiro não me manifestar. Vamos aguardar o desfecho”, destacou.
Já a defesa de Nilson Martorelli alegou que, quando ele ingressou na Novacap, o processo licitatório da obra já havia sido iniciado e concluído. Segundo o advogado André Carlos da Silva, Martorelli só participou de parte da execução do contrato. “Outra questão para fins de revogação da prisão é que não há notícia nos autos de que ele tenha atrapalhado as investigações. Ele está afastado da gestão pública desde o início de 2015 e não tem influência com ninguém na estrutura do GDF para esconder documentos ou qualquer coisa relacionada a esse processo”, ressaltou.
O Correio entrou em contato com a advogada de Maruska, Bianca Alvarenga Gonçalves, mas ela disse que não iria se manifestar no momento. Já o de Sérgio Lúcio Silva de Andrade, apontado como interlocutor de Arruda, alegou que ele é inocente e “jamais obteve qualquer vantagem indevida e está pronto para colaborar com a Justiça”. “Não há nenhuma justificativa para que ele fique preso, porque já sofreu todas as medidas necessárias para colheita de todas as provas, não criou nenhuma dificuldade em ser localizado, foi feita busca e apreensão na casa dele e todas as informações foram prestadas”, alegou Edson Smaniotto.
Já a assessoria de imprensa da Via Engenharia, de propriedade de Fernando Márcio Queiroz, se limitou a dizer que a “empresa ainda analisa o teor da delação para, então, se pronunciar”. O Correio não conseguiu localizar os advogados de Cláudio Monteiro, Jorge Luiz Salomão e Afrânio Roberto de Souza Filho.